A goleada sofrida para o Cruzeiro, na quarta-feira, fez mais do que eliminar o Vasco das oitavas de final da Libertadores. O já conturbado ambiente político do clube da Colina ganhou um novo fator: a pressão da torcida, antes anestesiada pelos resultados obtidos pelo time até então.
Os conflitos entre torcedores de correntes políticas diferentes refletem um clube também rachado internamente, incapaz de conseguir paz. A relação entre os antes aliados Alexandre Campello e Roberto Monteiro caminha a passos largos para a cisão.
Na quinta-feira, o presidente demitiu todos os funcionários do setor de cobrança da secretaria, atitude reprovada por Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo. Afastado, Sérgio Murilo Paranhos também deixou o setor.
Diretor de informática na gestão Eurico Miranda, ele foi indiciado por estelionato e falsidade ideológica pela polícia civil, na investigação sobre a entrada irregular de novos sócios que participaram da eleição para a presidência do clube, em novembro passado.
Não estão descartadas outras mudanças na diretoria do Vasco, por iniciativa do presidente Alexandre Campello. A ideia dele é se cercar de pessoas mais ligadas a ele do que ao Monteiro.
RISCO DE PUNIÇÃO
A má reputação de São Januário cruzou fronteiras e chegou ao Paraguai, país-sede da Conmebol, após mais um episódio grave de briga entre torcedores. Delegado e árbitro relataram em súmula a confusão e os seis minutos de paralisação no jogo. O conflito e a posterior intervenção da polícia militar foi o sexto caso de violência envolvendo a torcida vascaína na Colina em menos de dois anos. No mais recente, o prejuízo para o clube poderá ser na esfera internacional.
Os relatos de Mario Campos, delegado da Conmebol, e de Anderson Daronco, árbitro da partida, e as imagens da TV serão analisadas pela Unidade Disciplinar da Conmebol, que decidirá se fará denúncia.
No Brasileiro de 2017, o Vasco não pode mandar seis partidas em casa por conta das brigas no clássico contra o Flamengo, em julho. Foi o episódio mais grave, longe de ser o único. O primeiro com as características atuais — o racha político do clube como combustível — foi em outubro de 2016, quando torcedores começaram a xingar o então presidente Eurico Miranda nas sociais e foram repelidos por aliados do ex-dirigente.