Ídolo do Vasco, Juninho não tinha mais nada para provar no futebol quando regressou ao Gigante da Colina. Detentor de uma carreira vitoriosa, o Reizinho de São Januário também se tornara o Príncipe de Lyon, e com os rendimentos de uma carreira bem sucedida, poderia tranquilamente se aposentar, aproveitar a família, e na expressão mais popular, curtir a vida.
Entretanto, quis o amor pelo jogo e por uma instituição em especial, que retornasse ao Brasil para reencontrar os súditos que de tanta devoção foram capazes de imortalizá-lo em música. Foi assim que Juninho voltou ao Vasco há pouco mais de um ano e mesmo sem nunca deixar seu nível de jogo cair consequência de uma vida regrada fora dos gramados foi questionado à epoca em decorrência da idade avançada para o jogo: será que uma vez nas quatro linhas voltaria a ser o monumental craque de outrora, ou um fardo a ser carregado?, perguntavam os céticos. Todavia o tempo, na condição de senhor da razão, mostrou que o rei nunca perde a majestade e hoje absoluto no meio campo cruzmaltino, o meia conta o segredo do sucesso.
O segredo é se preparar para o próximo. Não dá para jogar contra o Corinthians pensando no Sport, pensando no Atlético-MG, no Coritiba, no Flamengo, no Fluminense, que são os jogos que faltam para acabar o primeiro turno. Sei todos os jogos de cor. Sei que são jogos importantes. Às vezes, a gente pensa um pouco mais na frente, mas se sentir que precisa segurar um jogo para se poupar para outro, vou conversar com a comissão técnica, disse ao globoesporte.com.
Consciente de que a carreira não durará para sempre, aos 37 anos, o jogador teme pensar no final de uma experiência que de rotina passou a ser parte de uma concepção de estilo de vida.
Assusta um pouco, não tem como negar. Estou acostumado a jogar profissionalmente há 18 anos. Fazendo praticamente a mesma coisa todo dia. É um baque, um susto, uma tristeza muito grande. Mas aceito que esse dia está chegando. Vai chegar. É uma coisa natural que todo mundo passa. O que me deixa tranquilo é saber que aproveitei tudo que pude aproveitar.
Enquanto o dia do adeus não chega, Juninho seguirá comandando o Vasco dentro de campo, mas com uma certeza permanente e reconfortante: a de que está marcado para sempre na história de um dos maiores clubes do país. A lembrança de uma cobrança de falta na Libertadores, o bradar do guerreiro na virada da final da Mercosul e a dignidade de quem sempre honrou a camisa que vestiu ficará marcada na condição de um sentimento que palavras simplesmente não bastam para explicar, afinal, como versa o poeta, o amor é imperecível e no caso vascaíno, não pode parar.