Futebol

Análise: Vasco é sólido na defesa, mas pobre no ataque diante do Flamengo

Nos primeiros 90 minutos do confronto que decide um dos finalistas do Campeonato Carioca, por pelo menos 45 o Vasco tomou um sufoco do Flamengo no Maracanã. As coisas só melhoraram no segundo tempo, após as substituições, com o placar já mostrando 1 a 0 para o Fla. Foi uma partida em que o time de Zé Ricardo mostrou-se sólido na defesa e pobre no ataque. 

Sólido na defesa porque o Vasco, de fato, sofreu poucos sustos durante o jogo. Para que se tenha ideia, o goleiro Thiago Rodrigues realizou apenas duas defesas: no chute cruzado de Gabigol e na tentativa de gol olímpico de Arrascaeta, ambas no primeiro tempo. Com exceção do gol de pênalti, que nasceu de uma bola cruzada na área, a linha defensiva conseguiu neutralizar o poder ofensivo rubro-negro.

E pobre no ataque porque a equipe mais uma vez criou muito pouco. A primeira finalização aconteceu somente aos dois minutos do segundo tempo. E o primeiro chute na direção do gol, aos 11. Ambos pelos pés de Figueiredo, que entrou no lugar de Weverton no intervalo. A estratégia de Zé Ricardo de escalar o lateral-direito mais avançado não funcionou, de modo que não dá para se debruçar apenas no número parecido de finalizações no scout final: 9 contra 10 do Fla.

Com a derrota (a quarta em um clássico no ano), o Vasco agora precisa vencer o Flamengo por dois ou mais gols de diferença no jogo próximo domingo, às 16h (de Brasília), no Maracanã, para ir à final. Isso porque o time de Paulo Sousa tem a vantagem do empate por ter terminado a Taça Guanabara em segundo lugar, atrás apenas do Fluminense. A ladeira da classificação ficou ainda mais íngreme.

Zé faz e desfaz sua aposta

Havia a expectativa de que o Vasco fosse escalado com Yuri Lara no time titular. O volante, recém-recuperado de lesão, voltou a campo na eliminação para o Juazeirense na Copa do Brasil e, no domingo, atuou durante todos os 90 minutos da vitória sobre o Resende. Zé Ricardo, no entanto, surpreendeu escalando o lateral-direito Weverton no meio de campo, deixando a responsabilidade de atuar como primeiro volante inteira nas mãos de Zé Gabriel.

Com Weverton, Zé Ricardo certamente buscou uma solução para a tão falada falta de velocidade da equipe. Na coletiva, o técnico também explicou que esperava explorar as costas de Filipe Luís. Só que a estratégia não funcionou no primeiro tempo, e o Vasco ficou sem saída de bola. Uma estatística relevante: entre os titulares das duas equipes, incluindo os dois goleiros, Weverton foi o jogador que menos tocou na bola. Substituído no intervalo, ele tentou oito passes e acertou cinco.

Nos tiros de meta, Thiago Rodrigues ora entregava para Zé Gabriel sair jogando ora cobrava nos dois zagueiros, que em seguida não tinham muito o que fazer senão arriscar passes no meio ou rifar a bola. O resultado disso foi uma pressão sufocante do Flamengo, que não arredava o pé do seu campo ofensivo e não permitia ao Vasco trocar mais de quatro ou cinco passes.

Nas duas vezes em que o time de Zé Ricardo conseguiu romper a linha rubro-negra, Andreas e Matheuzinho pararam o ataque com faltas em Zé Gabriel e Gabriel Pec e receberam o cartão amarelo. O recado estava dado: seria uma tremenda dificuldade só para cruzar a linha que divide o campo. Para completar, antes do intervalo, o árbitro enxergou um toque de mão de Anderson Conceição depois de rever o lance no VAR, e Gabigol abriu o placar na cobrança.

Figueiredo entrou no lugar de Weverton no intervalo, de cara deu os dois primeiros chutes a gol do Vasco na partida e contribuiu bastante para a melhora do time no segundo tempo. Pode-se dizer o mesmo da entrada de Yuri Lara na vaga de Juninho pouco depois. Aos 30, Zé ainda lançou Bruno Nazário e Vitinho nos lugares de Gabriel Pec e Nenê - o camisa 10 não havia sido substituído assim tão cedo até aqui na temporada.

Mais povoado no meio de campo, o Vasco se libertou das amarras do Flamengo e passou a criar algumas oportunidades., mas sem muita organização. A impressão é de que o time estava jogando mais na base da pressão do que da técnica, até pelo fato de estar sendo empurrado pela torcida, que compareceu em peso e fez grande festa no Maracanã.

O ponto positivo mesmo foi a solidez do sistema defensivo, que não deu brechas nem sequer quando o Vasco se atirava mais ao ataque. Quintero fez grande partida, não apenas na função de marcar, mas também carregando a bola na saída e rompendo as linhas do Fla em busca de opções para jogar. Por outro lado, jogadores como Raniel, Gabriel Pec e o próprio Nenê pouco apareceram no clássico.

Fonte: Globo Esporte
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