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As marcas do trabalho de Ramón Díaz

Acertado com o Vasco para assumir o cargo de treinador que ficou vago por 18 dias, o argentino Ramón Díaz volta a dar as caras no futebol brasileiro após uma passagem relâmpago pelo Botafogo em 2020 — na qual nem chegou a comandar a equipe. Assim como o alvinegro naquela época, um cruz-maltino afundado na zona de rebaixamento busca um dos maiores expoentes da escola argentina para tentar reverter a campanha ruim no Brasileiro.

É difícil resumir o estilo tático do treinador de 63 anos, na ativa na função há 28 anos — antes, foi atacante da icônica geração de Maradona. O que Díaz mantém até hoje em seus times é o ritmo do estilo de jogo argentino: domínio, giro e passe com poucos toques na bola.

Foi assim que ele ajudou a construir as bases do que seria um letal e multi-vitorioso River Plate nas mãos de Marcelo Gallardo. Na terceira e última passagem pelos millonarios (2012 a 2014), foi campeão nacional. Entre as três passagens no Monumental, foi campeão da Libertadores em 1996 e era o treinador do time que foi eliminado pelo próprio Vasco na edição de 1998, do gol "monumental" de Juninho Pernambucano e do título cruz-maltino.

Ao longo da carreira, Ramón se caracterizou como um treinador ofensivo, mas desenvolveu ideias de um jogo mais equilibrado nos anos mais recentes. Seus times tendem a buscar a bola de forma mais agressiva, seja em pressão alta ou fechando espaços por superioridade numérica em zonas de triangulação. A disciplina tática e a intensidade são primordiais em seus trabalhos.

Enquanto na seleção do Paraguai, um de seus trabalhos de mais relevância, Díaz apostou em duas linhas de quatro (com os pontas fechando os corredores) e compactação para defender, com jogadas aéreas nos contra-ataques, no Al-Hilal, seu último trabalho, o veterano teve mais qualidade em seu elenco para explorar propostas de menos destruição e transição e mais construção.

Volantes e pontas

Na Arábia Saudita, se mantiveram importantes os volantes e os pontas. Em seus esquemas, os meio-campistas, com a bola, exploravam a intermediária ofensiva enquanto os pontas e o centroavante (quando havia um) espaçavam o campo para oportunidades em profundidade, seja para dar o último passe pelos lados ou para fazer o "facão", o movimento diagonal em direção ao gol.

Marega e Ighalo, que se alternavam na função de referência, voltavam bastante à intermediária para buscar a bola, fazer o trabalho de pivô e girá-la pelo campo de ataque. Essa troca de posições (por vezes Marega caía pela ponta direita) foi um dos pontos fortes do vice-campeonato no Mundial de Clubes de 2022, torneio em que o Al-Hilal eliminou o Flamengo na semifinal (3 a 2) e deu muito trabalho para o Real Madrid na decisão (5 a 3).

Contra o rubro-negro, Vietto, um atacante rápido que atuou quase como um meia de infiltração, foi um dos grandes destaques (marcou o terceiro gol). Naquela partida, Díaz fez a opção ousada de entrar com o atacante Carrillo no lugar do meia Kanno, suspenso. Deixou Cuéllar como o único volante de ofício e ainda assim conseguiu ser mais efetivo mesmo criando menos e tendo menos a bola.

O treinador traz em sua comissão técnica seu filho e auxiliar Emiliano Díaz, conhecido por ter voz forte nos trabalhos e pelo contato mais próximo com os jogadores dos elencos, ex-jogador e mais jovem (40 anos). Emiliano chegou a assumir brevemente o Al-Hilal após a saída do pai, em maio.

Fonte: Agência O Globo
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