Paulo Autuori apenas não anunciou. Mas a decisão está tomada. Após a derrota por 5 a 3 para o Internacional, neste domingo, o técnico afirmou, em entrevista coletiva, que na última sexta-feira, às 18h, comunicou ao Vasco a sua decisão sobre permanecer ou não e admitiu que a paciência com os atrasos de salários esgotou. Segundo ele, haverá uma reunião nesta segunda-feira para que seja definida a situação.
- Não fui eu quem estabeleceu prazo. As coisas não aconteceram como era a perspectiva. Sempre reconheci o esforço da diretoria, mas a situação do clube vem de um longo tempo, e me sinto impotente para fazer as coisas quando o clube não tem minimamente condição de cumprir suas obrigações. Em relação à minha posição, a diretoria já sabe - disse.
O treinador, entretanto, preferiu ainda não dizer que está fora do Vasco:
- Não estou falando isso. Amanhã vocês poderão falar a verdade. Está no meu contrato que eles (dirigentes) teriam que assumir publicamente. Não sou mais um para empurrar as coisas com a barriga. Não vou ficar de papo. Isso de não cumprir as obrigações tem que acabar no futebol brasileiro, e no Vasco está virando histórico - frisou.
Na última sexta, Paulo Autuori já havia comunicado aos jogadores que deixaria o Vasco se os salários não fossem pagos naquele dia. Apesar do esforço, a diretoria não conseguiu levantar o montante necessário para cumprir a promessa feita em março, quando as duas partes conversaram. E tudo indica que o treinador preferiu não esperar até quarta-feira, nova data prevista para o pagamento.
- Não estou dizendo que estou fora. Estou dizendo que tenho um compromisso e que, dentro da minha parcela, não pude cumprir com o que era o desejo dos funcionários. Existia a esperança deles de que eu pudesse de alguma maneira ajudar que os compromissos fossem cumpridos. E eu tenho vergonha quando tenho um compromisso e não posso cumprir. Dentro disso, as coisas vão ficar claras amanhã.
Paulo Autuori deve deixar o comando do Vasco depois de pouco mais de três meses, com 13 partidas. Foram seis vitórias, dois empates e cinco derrotas. O treinador é o principal nome na mira do São Paulo, pelo qual foi campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes, em 2005, e pode acertar seu retorno ao Tricolor paulista. Mesmo assim, ele foi veemente ao desvincular sua iminente saída do Vasco à possível volta ao Morumbi.
- Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Desde que cheguei ao Vasco recebi propostas, e não é isso. Estou feliz de trabalhar com esses jogadores. Mas não há condições se o clube não recuperar rapidamente a saúde financeira. Além disso, nos últimos anos já disse não ao São Paulo umas três vezes - revelou.