Quando você ouve falar em Paulo Autuori, que imagem surge? Eu, pelo menos, achava que o treinador era um daqueles almofadinhas, técnico de elite que está bem longe do espírito do futebol que eu, você e os parceiros tanto gostamos. Pois é: eu estava errado.
Nesta sexta-feira, o site da Fifa publicou uma matéria com o técnico, hoje no Vasco. E ele provou que é um verdadeiro varzeano (sem usar nenhuma vez a palavra várzea
). Defendeu o futebol de rua, aquele em que todo mundo começa. Falou dos dribles ao meio-fio e de como as escolinhas falham ao criar jogadores com espírito brasileiro.
Olha só o que ele disse: O grande problema do futebol brasileiro foi o fim do futebol de rua. Ele proporcionava desenvolver a habilidade. Tinha calçada, você tinha que levantar bola, aprender a dominar. Você usava a parede para fazer tabela. Outra coisa que desenvolvia: jogos de rivalidade com as outras ruas. E o espírito? Você jogava três, quatro peladas com o dedo arrebentado, desenvolvia espírito de sacrifício. Mais: um jogo era de 12, então você era obrigado a fazer gol.
Logo depois, ele acabou completamente com a imagem de almofadinha que eu tinha: Na pelada de rua, o papai não estava. Hoje, papai vai levar na escolinha. Enquanto o técnico fala uma coisa, ele diz outra. Nas academias, tem garoto de 6 a 12 anos fazendo preparação física. Garoto dessa idade não precisa disso, ele tem energia. Ele precisa é aprender o espírito do jogo, o que ele aprendia na rua.
Eu concordo. É verdade que nos campeonatos de várzea, como os que o blog acompanha, não vemos exatamente esse futebol de rua. Mas vá aos campos e dê uma olhada em volta. A garotada que vai assistir sempre leva a sua bola. E arranja rivais para a pelada em qualquer lugar vazio. Várzea é isso. E, como o Autuori faz questão de lembrar, é algo que está sendo colocado de lado no Brasil.