RIO — A Secretaria Municipal de Educação decidiu reforçar o time na busca por ajuda para atrair os cinco mil estudantes que ainda estão fora das salas de aula. A ideia é utilizar os ídolos da criançada no futebol como aliados. O pontapé inicial será dado neste domingo, durante a partida do Vasco contra o Flamengo, no estádio Nilton Santos, mais conhecido como Engenhão, na Zona Norte do Rio, quando será lançada a campanha "Bora pra Escola".
A ideia da campanha que contará ainda com a participação de atletas do Botafogo e Fluminense é utilizar jogadores, escolhidos pelos times como motivação para a garotada. Os jogadores vão gravar videos, que serão disponibilizados nas redes sociais da secretaria e dos clubes, nos quais contarão suas histórias de vida, destacando sempre a importância dos estudos, além de chamar as crianças de volta para a escola.
— A ideia é utilizar a força do futebol em prol da educação, deixando a rivalidade de clube de lado e todo mundo jogando na mesma direção, que é botar nossa garotada para estudar — diz o secretário Renan Ferreirinha.
A pandemia do novo coronavírus acabou contribuindo para o aumento da evasão escolar, depois de uma longa temporada dos estudantes longe das salas de aulas. No terceiro bimestre do ano passado, por volta do mês de agosto, depois da reabertura das escolas, a secretaria observou que dos 670 mil alunos da rede, 25 mil não estavam mais interagindo com os professores seja presencialmente ou remotamente.
Daí então teve início um grupo de ações de busca ativa que contou com os mais variados meios, como ligações telefônicas, envio de mensagens de Whatsapp, ajuda das asssociações de moradores, dos Conselhos Escolares Comunitários (CEC), das outras secretarias, dos pais e estudantes. Até mesmo carro de som foram utilizandos, indo às ruas convocando os alunos. Esses esforços conseguira levar de volta para as escolas 20 mil estudantes.
— Dos 25 mil alunos, 20 mil voltaram a estudar presencialmente nas nosas escolas. Mas apesar de ter sido um passo muito importante e uma vitória significativa nós não estamos satisfeitos. Ainda temos cinco mil alunos (fora das salas de aula) e nós queremos que todo mundo volte. Ninguém pode ficar para trás. A gente acredita que com essa parceria com os quatro grandes clubes de futebol do Rio de Janeiro a gente vai conseguir chegar em todos os nossos alunos, utilizando os ídolos para obter essa vitória, ganhar esse jogo — aposta o secretário.
Dos 25 mil alunos que estavam fora das escolas, a maioria era da Zona Oeste, que ainda continua liderando esse triste ranking. Pela ordem, as outras regiões da cidade com mais alunos ainda fora de sala de aula sao Zona Norte, Zona Cul e Centro. Ferrerinha contou que pelo perfil dos alunos já resgatados observou que diferentes situações levaram à evasão, entre elas há casos de crianças que deixaram os estudos para trabalhar e levar renda para suas famílias, empobrecidas na pandemia, além de ouros casos.
— A gente precisa entender que a escola é insubstituível. Infelizmente os caminhos alternativos que a sociedade apresenta são muito indesejáveis, acabam se relacionando à gravidez precoce, ao tráfico e outras situações que a gentre não deseja para nossas crianças— afirma.
Nesse período, a secretaria vem ainda investido na identificação das crianças e adolescentes longe da escola, utilizando a plataforma Busca Ativa Escolar (www.buscaativaescolar.org.br), desenvolvida pelo Unicef e parceiros. Segundo a secretaria, a plataforma permite o registro e o acompanhamento de informações sobre cada estudante, compartilhando as informações entre as equipes de educação, saúde e assistência social do município. A secretaria pretende continuar recorrendo às outras ações, paralelamente.