O Vasco está encantando não só seus torcedores, mas os que gostam do futebol de primeira. Como se não bastasse a campanha irretocável, com 100% de aproveitamento, é também o líder dos gols bonitos. Dos nove que marcou nos quatro jogos, três foram pinturas de artistas premiados. A começar pelo de bicicleta que o artilheiro Alecsandro marcou no Canindé no 1 a 0 na Portuguesa.
Na vitória de ontem, a beleza dos gols foi em dose dupla. Logo aos sete minutos, observei no semblante de Falcão, técnico do Bahia, que dominou como poucos o meio-campo do Internacional, da Roma e da seleção brasileira nos anos 70 e 80, que ele pressentia o pior para o seu time. Quando Titi fez a falta em Diego Souza e levou o primeiro amarelo logo aos sete minutos, confirmou-se a previsão.
Juninho ajeitou a bola com a calma habitual, olhou bem a posição da barreira, recuou poucos passos e com o toque suave que dá sempre, mandou no ângulo direito, com precisão suíça e pontualidade britânica. O gesto do goleiro Marcelo Lomba, que se ajoelhou e ficou olhando a bola descair na rede, não poderia ter resumido melhor a cobrança. Vasco 1 a 0.
Diego Souza não fez por menos. Na reposição precisa do pé direito do goleiro Fernando Prass outra grande figura -, a bola caiu no peito de Diego Souza, que tabelou com Alecsandro e recebeu à frente para iniciar a grande arrancada. Depois de driblar dois marcadores, o toque sútil, de alta categoria, encobrindo o goleiro, outra vez sem defesa. Vasco 2 a 0, aos 31 minutos.
O Vasco voltou ainda mais seguro no segundo tempo. Com o domínio consciente de marcação perfeita e contra-ataques em que poderia ter ampliado a vantagem. O Bahia tentou de tudo, até escalando quatro atacantes, mas quando Júnior conseguiu o gol, aos 49 minutos, era o último lance e o jogo terminou, sem tempo nem mesmo para nova saída.
As mudanças do Vasco no segundo tempo mantiveram o equilíbrio do time. Dedé entrou aos nove minutos, depois de dois meses fora, porque Rodolfo sentiu o joelho. O retorno do zagueiro foi discreto. Carlos Alberto substituiu Diego Souza aos 19 e os torcedores do Bahia o vaiaram porque ele não deu um passe, não fez um gol e ficou a maior parte dos meses em tratamento no clube em 2011.
A última substituição foi a de Tiago Feltri, aos 34, quando Felipe estava cansado, depois de contribuir, outra vez, com grande desempenho. O técnico Cristóvão Borges resumiu: O time marcou mais, ocupou bem os espaços, saiu com mais rapidez nos contra-ataques e soube se impor. Passamos por um adversário que vai dar muito trabalho a todos os outros que jogarem em Salvador.
Rômulo voltou ontem dos Estados Unidos, onde se saiu muito bem nos jogos da seleção e fez o primeiro gol no jogo de sábado com a Argentina. Será um grande reforço para o time tentar domingo a quinta vitória consecutiva, em São Paulo, com o Palmeiras. O Vasco vai tentar igualar o recorde que conseguiu há 24 anos, quando ganhou os cinco primeiros jogos no campeonato de 1988.
Nos 2 a 1 de ontem sobre o Bahia, o Vasco repetiu o que havia feito nos anos 76, 78 e 79, quando venceu os quatro primeiros jogos do campeonato. O Bahia, que ainda não ganhou 2 derrotas e 2 empates -, completou seis jogos sem vencer, com as derrotas na Copa do Brasil em que foi eliminado nas quartas de final.