Não é novidade para nenhum vascaíno a proximidade de seu clube do coração com Portugal, a começar pelo nome. Com a proximidade da chegada de Ricardo Sá Pinto para assumir o comando técnico do Vasco, será a segunda vez que o Gigante da Colina terá um lusitano como treinador do clube e a diretoria aposta as suas fichas em um estrangeiro, seguindo a tendência de outros clube brasileiros como o Atlético-MG de Jorge Sampaoli, o Flamengo de Domènec Torrent e o Internacional de Eduardo Coudet.
Durante os quase 100 anos de futebol profissional do Vasco, alguns técnicos estrangeiros já passaram pelo clube e deixaram seu nome na história, como é o caso de Ramón Platero, Harry Welfare e Ondino Viera. Após 60 anos, o Cruz-Maltino poderá ter um novo gringo como treinador.
Veja um pouco da historia do Vasco com treinadores de fora do Brasil:
ERNESTO SANTOS, O PORTUGUÊS QUE FOI ESCOLHIDO PELO JORNAL
Anúncio da diretoria do Vasco para a vaga de novo técnico em 1946 (Foto: Reprodução)
No ano de 1946, ainda na época do Expresso da Vitória, a diretoria buscava um substituto para o uruguaio Ondino Viera, um dos técnicos mais consagrados da história do futebol sul-americano, então decidiram colocar nos principais jornais em circulação no Rio de Janeiro, um anúncio de emprego para a vaga de treinador do Vasco.
Após uma semana de concurso, o escolhido foi o português Ernesto Santos, ex-zagueiro do Porto que havia se mudado para o Brasil no início da década de 40 e se tornou professor catedrático da UERJ e UFRJ. Sob o seu comando, o Vasco fez uma campanha muito abaixo do que se esperava e acabou pedindo demissão 3 meses após assumir o cargo. Por fim, “o professor” saiu do Cruz-Maltino para dirigir o Flamengo.
URUGUAIO QUE DIRIGIU RIVAL, INGLÊS E O RESPONSÁVEL PELO EXPRESSO DA VITÓRIA
O primeiro técnico da história do Gigante da Colina foi o uruguaio Ramón Platero. Ele ficou conhecido na época por ter dirigido Flamengo e Vasco ao mesmo tempo – os dois clubes disputavam divisões diferentes. Quando o Cruz-Maltino subiu à 1ª divisão, ele optou por ficar na equipe e descartou o rival. Foi bi-campeão estadual nos anos de 1923 e 1924. Na sua segunda passagem, entre 1942 e 1945, ele conquistou mais um estadual.
Logo após a saída de Platero, o inglês Harry Welfare se tornou o novo treinador do Vasco. Um dos grandes ídolos e 6º maior artilheiro do Fluminense, ele assumiu o cargo e se manteve por 10 anos, de 1927 à 1937. Foi campeão estadual em 1929, 1934 e 1936. Teve uma segunda passagem em 1940 sem muito sucesso. O Vasco foi o único clube que o britânico dirigiu.
Um dos técnicos mais importantes da história do futebol sul-americano, o uruguaio Ondino Viera teve uma longa carreira como treinador e no Vasco fez um dos times mais poderosos da história Cruz-Maltina. O Expresso da Vitória, com Ondino, foi o primeiro clube brasileiro a adotar o 4-2-4 e revolucionou o futebol brasileiro na época. Ele ainda foi o responsável por introduzir a tradicional faixa nas camisas. Apesar da sua importância, foi campeão apenas do Carioca de 1945.
Outro gringos já se tornaram treinadores do Vasco, porém não obtiveram muito sucesso, como é o caso do uruguaio Carlos Scarone que esteve no clube em 1937, o argentino-brasileiro Filpo Núñez (1960) e o argentino-espanhol Abel Picabéa (1960-1961), que foi o último técnico do exterior a dirigir o clube.