Momentos antes da partida marcada para 19h30m deste sábado, o desavisado que circulasse pelo entorno do Engenhão apenas desconfiaria que Flamengo e Vasco se enfrentavam por causa de alguns poucos torcedores que circulavam com as camisas de seus times. Não havia engarrafamento. Os bares estavam vazios. Um ambulante gastava o gogó na tentativa de vender cervejas, refrigerantes e quitutes.
Com as duas equipes sem pretensões no Brasileirão, o jogo que recebeu o título de Clássico dos Milhões teve apenas 5.971 pagantes (9.416 presentes), com renda de R$ 137.635. Foi o pior público no duelo entre os rivais desde 2002. E desde 2006 um Vasco x Flamengo não tinha público inferior a 10 mil pagantes.
Com uma imensa tatuagem de uma caravela com a cruz de malta estampada nas costas, Vinicius Ribeiro não precisa de maiores motivações para comparecer ao estádio. O amor tatuado na pele independe da situação do time.
- Não sou a favor de pontos corridos, pois o campeão sempre sai antes. Preferia a fórmula antiga, com final. Olha como o estádio fica vazio. Em Flamengo x Vasco, o pessoal ainda vem por conta da rivalidade. Estou aqui, pois vou a todos os jogos. Imagina na última rodada, contra o Fluminense. Só vai ter tricolor. Mas eu venho - antecipou Vinícius Ribeiro.
No começo do jogo, a torcida do Vasco teve como principal passatempo perseguir Ramon, que defendeu o clube, mas faz questão de frisar que ficou magoado com torcedores depois de sua saída e se revelou flamenguista desde criança. Com o Engenhão vazio, as vaias se tornavam bem audíveis.
O gol de Nilton, ainda no primeiro tempo, evitou que um senhor torcedor do Vasco pegasse definitivamente no sono. E fez a torcida acordar e passar a empurrar o time. Pelo lado rubro-negro, pouco barulho, quase nada.
No fim do primeiro tempo, os vascaínos ironizaram a campanha do Flamengo:
- Ô, ô, ô, pior do Rio.
Para completar o cenário da partida, a chuva deu o ar da graça no segundo tempo. Até então sem grande empolgação, a torcida do Flamengo só acordou quando González empatou a partida, quase no fim. Foi a senha para os torcedores cantarem o hino na tentativa de empurrar o time para a virada, o que não aconteceu.
Ramon, sobre vascaínos: Tenho direito de não gostar deles também No fim, empate por 1 a 1, um aplauso aqui, outro acolá, algumas vaias. Entre os milhares de cadeiras vazias, sobrou espaço para provocações entre torcidas, e com alguns vascaínos aguardando para dar a última vaia em Ramon, já na descida para o vestiário.
Pouco depois, do lado de fora do estádio, o trânsito já fluía bem, num clima que nem de longe lembrou o de um clássico entre Flamengo e Vasco, em que a rivalidade se resumiu a Ramon.