O presente de gols sofridos em abundância não condiz com o passado de defesas legendárias. O Vasco encara o Atlético-MG neste domingo, às 18h30m, no Independência, com média de 1,72 gols contra por partida neste Brasileiro, uma das cinco piores de sua história na competição. Já foram 38 gols sofridos em 22 jogos, a segunda pior marca do torneio, à frente só do lanterna Náutico, que tem 39.
Quem vê a peneira de hoje precisa se esforçar para se lembrar do tempo em que Miguel, Acácio, Válber e Júnior Baiano era sinônimos de segurança na retaguarda. Os jogadores representam os sistemas defensivos dos quatro títulos brasileiros conquistados pelo clube. Em 1974, por exemplo, mesmo sem ter o melhor time da competição, o Cruz-Maltino ficou com a taça muito por causa da média de apenas 0,64 gols por jogo.
- Não existe defesa boa, existe um time que saiba se defender. Este ano, está complicado para o Dorival Júnior. Sem farinha não se faz bolo - afirmou Miguel, zagueiro campeão em 1974.
Um fantasma para a torcida este ano, a posição de goleiro esteve muito bem servida em 1989. Acácio era o titular do bicampeonato, na campanha em que o Vasco sofreu 0,84 gols por jogo, e manda alerta quanto à crise:
- Aquela defesa era muito boa, com o Mazinho, que foi a duas Copas do Mundo, eu, que estive no grupo em 1990. O Vasco hoje não tem maus goleiros. Mas, se a torcida não tiver calma com eles, pode ter certeza de que o time vai sofrer até o fim do ano.
Em 1997, Válber era o coringa de Antônio Lopes, campeão com 1,12 gols sofridos. Foi zagueiro, volante, mas na decisão contra o Palmeiras, atuou como lateral-direito:
- O Vasco ainda tem tempo para se recuperar. É praticamente um turno inteiro para pontuar - afirmou.
Júnior Baiano mostra o mesmo otimismo. O zagueiro foi campeão em 2000 com média de 1,53 gols contra por jogo. Mas, segundo ele, o Vasco de 13 anos atrás possuía um trunfo:
- O time era muito bom. A verdade é que, quando se tem grandes jogadores na frente, o adversário fica mais preocupado em se defender. Tínhamos Romário, Euller, os Juninhos. Para nós, da defesa, ficava fácil por causa disso.
Em nove meses, 18 jogadores diferentes já atuaram no setor defensivo
O péssimo rendimento do setor defensivo do Vasco este ano se reflete na quantidade de jogadores que já foram testados no gol, nas laterais e na zaga do time em 2013. Em nove meses de temporada, nada menos que 18 jogadores já tiveram a chance de resolver o problema da defesa de São Januário.
Muitos nem estão mais na Colina, como o lateral-direito Elsinho, o lateral-esquerdo Thiago Feltri, e os zagueiros André Ribeiro, Dedé e Douglas. A falta de continuidade do setor é, inclusive, apontada como um dos motivos para o fato de o Vasco passar a temporada inteira sofrendo gols em excesso.
- O problema do Vasco é que o time campeão da Copa do Brasil foi o último que o torcedor conseguiu decorar a escalação. Depois disso, as mudanças têm sido muitas. Fica complicado para o treinador dar um padrão de jogo. Acho muito difícil que um jogador que era tenha sido titular no Carioca esteja neste time do Brasileiro - afirmou Acácio.
De fato, do time que começou a disputa do Campeonato Carioca, nenhum outro jogador defesa segue na equipe titular. No primeiro jogo da temporada, contra o Boavista, o setor defensivo foi composto por Alessandro, Abuda, Dedé, Douglas e Wendel. Neste domingo, o time deverá ter Michel Alves, Fagner, Cris, Rafael Vaz e Wendel, que depois de atuar durante muito tempo na sua posição original, voltou a ser improvisado na lateral esquerda
A última contratação do Vasco para o setor, o zagueiro Cris, ainda não conseguiu passar confiança na equipe titular. Mas tem sido mantido pelo técnico Dorival Júnior, que oscila entre Rafael Vaz e Jomar para fechar a zaga.