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Confira a evolução das dívidas do Vasco em 2010

A Divisão Esporte Negócio da Parker Randall Auditores Independentes preparou um relatório sobre o endividamento dos clubes brasileiros no ano de 2010, cujos principais números veremos na sequência. Esse texto foi feito com base nessas informações, trazendo algumas avaliações da empresa e outras minhas.

Para esse trabalho foram consideradas as demonstrações contábeis de 24 clubes, a maioria dos quais disputando a Série A do Campeonato Brasileiro.

Foram computadas aqui somente as dívidas (que eu chamo de propriamente ditas) acumuladas no decorrer do tempo e formadas por empréstimos bancários, dívidas com o fisco (Receita, INSS, FGTS e outros órgãos públicos) e as dívidas cíveis e trabalhistas, tanto as já ratificadas, em fase de pagamento, como as que estão em discussão judicial, denominadas contabilmente como provisões para contingências. Isso significa que despesas correntes, a maioria lançadas no Passivo Circulante (pagamentos a serem feitos nos próximos 12 meses a contar da data de fechamento do balanço), não são consideradas como dívidas. São lançamentos como direitos de imagem de jogadores, fornecedores, compromissos do cotidiano de um clube. Em muitos casos, talvez até a maioria, são despesas que podem ou não realizar-se. Um jogador que seja transferido, por exemplo, deixará de receber os direitos de imagem lançados como pagamentos a realizar, por exemplo. Essa sempre foi a posição defendida por esse OCE para o entendimento das dívidas e o trabalho dos especialistas da Parker Randall permite uma visão mais precisa desse ponto que tanto assusta a muitas torcidas. Infelizmente.

A primeira tabela mostra somente o ano de 2010, com a dívida total na primeira coluna, seguida por sua discriminação em Dívidas Financeiras (nomeadas como “Empréstimo”), Fiscal e Cível/Trabalhista:

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A tabela mostra-nos que o conjunto das dívidas desses 24 clubes superou os três bilhões de reais em 2010. As dívidas fiscais respondem, sozinhas, por (quase) metade do valor devido: 49,7%; as dívidas cíveis e trabalhistas correspondem a 25,7% e as dívidas financeiras por 24,6% do total.

A visualização da próxima tabela é um pouco difícil, pois ela pega um período de cinco anos – 2006 a 2010 – com todas essas informações, mas é extremamente útil ao mostrar-nos o comportamento de cada clube com suas dívidas nesse período bastante razoável. É bom frisar que é também nesse período que tivemos a consolidação do campeonato por pontos corridos e vinte clubes (cujo primeiro ano foi 2005).

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Se olharmos para o total de 2006 e compararmos com o de 2010, veremos um pulo da ordem de 132,5% na dívida dos 24 clubes. Nem a China cresce tanto assim!

Uma parte desse pulo deve ser creditada à inexistência de dados de alguns clubes para os primeiros anos, o que, entretanto, não muda o caráter geral do comportamento das dívidas.

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O próximo gráfico mostra a composição das dívidas, ano a ano:

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As dívidas fiscais continuaram sendo as mais representativas, mantendo um patamar médio de cerca da metade do total das dívidas.

As dívidas financeiras apresentaram ligeira queda. Boa parte dessas dívidas, quase a totalidade delas, corresponde a adiantamentos de cotas de direitos de transmissão de TV. Como esse OCE vem explicando há um bom tempo, o adiantamento se dá por meio de uma operação triangular: um banco, o clube tomador do adiantamento e o Clube dos 13 e Rede Globo. A partir da existência de um contrato de cessão de direitos e dos valores que o clube terá a receber em determinado período, o banco concede um empréstimo, cuja garantia é o valor a receber pelo clube por conta desses direitos, entrando o Clube dos 13 como avalista da operação. O banco, naturalmente, cobra seus juros e taxas, diminuindo hoje o dinheiro de amanhã, geralmente usado para pagar dívidas de ontem. Enfim, essa pequena redução não deixa de ser alvissareira.

O terceiro componente das dívidas é o que apresentou a melhor evolução nesse período, caindo de 36% em 2006 para 26% em 2010. Um olhar mais cuidadoso à tabela, mostra que a maior e mais significativa evolução individual foi a do Flamengo, que conseguiu reduzir sua dívida de 37,7 milhões para 11,5 milhões de reais, mesmo tendo um pulo brutal em 2007, quando o valor para essa rubrica pulou para 60,8 milhões. Esse foi, provavelmente, o ponto mais positivo da gestão do clube nesse período considerado. Sintomaticamente, o Vasco da Gama não apresentava dívidas cíveis e trabalhistas em 2006 e 2007 e, subitamente, em 2008, aparece um total de 103,8 milhões, reduzido para 85,1 milhões de reais em 2010. O torcedor vascaíno, certamente, entendeu o significado do início desse tópico.

Essas duas reduções, principalmente a ocorrida com as dívidas cíveis e trabalhistas, denotam que, mesmo em um período de dificuldades, os clubes estão tomando medidas na busca de uma reversão desse quadro. Eu, particularmente, considero isso como uma demonstração cabal do que venho dizendo há alguns anos: a mudança no futebol brasileiro, puxada sobretudo pela consolidação do formato de disputa por pontos corridos, está forçando os gestores a evoluírem. Evolução lenta, mais aqui, menos ali, mais num ano, menos em outro, mas evolução, que é o que importa. Afinal, considerando a pobre e errada tradição brasileira no que diz respeito aos impostos, a existência de dívidas trabalhistas de grande monta é demonstrativo perfeito de má administração.

Essa, na minha opinião, é uma melhora muito agradável de ser vista.

Fonte: Blog Um Olhar Crônico Esportivo
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