De todas as atletas das categorias de base do futebol feminino do Vasco, a que está mais próxima de subir para o time profissional é a atacante Rafaela Baroni. Aos 19 anos de idade, a jovem possui passagens pelas seleções sub-17 e sub-20 e liderou a equipe cruzmaltina em algumas conquistas.
Rafaela chegou ao Vasco em 2007, saiu em 2008 e retornou em 2009 por confiar no projeto divulgado pela diretoria do clube. Por conta desse longo tempo de clube, a atacante conhece muito bem o ambiente de São Januárioe e foi também por essa outra qualidade que o site Torcida do Vasco resolveu entrevistá-la.
No bate-papo, que você pode conferir abaixo, Rafaela Baroni conta detalhes da sua curta carreira, fala sobre Seleção Brasileira, analisa a atual condição do futebol feminino do Vasco e revela quais são os seus planos para o futuro.
Confira uma entrevista exclusiva com a promessa Rafaela Baroni:
Como começou sua trajetória no futebol?
Comecei a jogar com cinco anos com meninos na escolinha de futebol do meu condomínio. Foi assim até meus 14 anos, quando em um campeonato entre condomínios uma treinadora me viu e me chamou para treinar na escolinha do Vasco. Fiquei lá por quase um ano e depois fui para o Tigres do Brasil, onde disputei meu primeiro campeonato carioca. No carioca fui observada por olheiros da Seleção, que me indicaram. Com 15 anos tive minha primeira convocação para a Seleção Brasileira sub 17. Em 2008, tive a oportunidade de jogar um campeonato Mundial sub-17 pela Seleção Brasileira, que infelizmente não conseguiu o título.Em 2009, o Vasco estava começando um projeto para formar um time feminino e resolvi entrar nesse projeto. Estou no Vasco até hoje.
Como você soube desse projeto do Vasco?
Uma amiga minha estava querendo sair do CEPE Caxias e me perguntou se eu estava interessada em ir fazer um teste para tentar entrar nesse projeto. Como permanecer no Tigres não me interessava mais, eu achei que seria uma opção paro meu futuro.
Quem sempre te apoiou?
Graças a Deus eu sou uma pessoa que sempre tive o apoio de toda a minha família. Meus pais sempre que podem me acompanham em meus jogos.
E como foi sua passagem pelo Vasco até agora?
Em 2009, fomos campeãs do Carioca sub-20 e conquistamos o Campeonato Iguaçuano.Também fiz parte do grupo que ficou na terceira colocação do Campeonato Carioca adulto de 2011. O momento mais especial durante esses quase quatro anos foi a final do Campeonato Carioca sub-20. Na oportunidade, estávamos perdendo para o CEPE Caxias por 3 a 0 no primeiro tempo. No segundo tempo conseguimos virar o jogo para 7 a 4 e conquistamos a competição.
Seu bom desempenho no Vasco a levou para a Seleção Brasileira. Ao ser convocada o que você sentiu?
É um sentimento inexplicável. Fiquei muito contente e não parava de chorar de alegria. Não acreditei que tinha sido convocada até chegar à Granja Comary. Acho que quando cheguei lá é que minha ficha caiu e percebi realmente aonde estava. Foi um orgulho muito grande para mim, pois todas as atletas desejam representar seu país.
Como foi essa experiência lá?
Foi uma experiência ótima. É uma sensação muito boa. A gente procura aprender com todos e respeitar um ao outro, porque só assim o grupo será fechado, unido e campeão.
Infelizmente você foi cortada de uma importante competição por conta de uma lesão. Como você se sentiu?
Eu fiquei bastante chateada e decepcionada com esse estiramento, mas infelizmente isso aconteceu. Já tratei e agora estou treinando bastante para que não aconteça novamente.
O que você espera para temporada de 2012 no Vasco?
Eu espero que seja um ano de muitas conquistas para todas as categorias e que o Vasco participe de mais campeonatos. No ano passado a categoria sub-20 não teve nenhum campeonato para disputar.
Quais as maiores dificuldades que você enfrentou ao longo de sua trajetória?
O futebol feminino precisa de muito apoio e estrutura para que ele evolua. O preconceito ainda é uma das maiores dificuldades e por isso muitos não patrocinam as meninas. É lamentável que algumas pessoas do futebol feminino não se esforcem para o seu crescimento. Porém, tenho que reconhecer que o futebol feminino já teve um grande progresso. Hoje em dia temos muito mais clubes, temos o apoio de algumas emissoras, como a BAND.
Como você avalia o trabalho realizado pelo Vasco?
As coisas estão melhorando. Estamos com uma estrutura melhor. No começo não tínhamos campo para treinar e nem água nos treinos, cada uma levava a sua de casa. Agora temos campo para treinar, roupeiro e os alojamentos estão quase prontos para abrigarem as meninas que vem de fora do Rio. Ainda não conseguimos nenhum patrocínio, o que dificulta muito as coisas para todas as meninas.
Um dos seus objetivos retornar para a Seleção Brasileira?
Sem dúvidas. Estar na seleção vai ser sempre o principal objetivo, mas para isso tenho que continuar treinando. Mas independente de estar na Seleção Brasileira ou não, eu sempre estarei torcendo por todas que estiverem por lá.
O que representa o Vasco para você?
Estar no Vasco para mim é uma satisfação imensa. É um clube muito grande e tradicional. Eu só tenho a agradecer. É uma realização atuar em um clube de expressão internacional.
E o futebol? O que representa para você?
Futebol é a minha vida. Por mais que tenhamos as dificuldades e os obstáculos no futebol feminino, eu vou continuar tentando ser jogadora e poder viver do futebol. Isso seria excepcional para mim e para minha carreira.
Que mensagem você deixaria para o torcedor vascaíno?
Torcedor vascaíno, por favor, comparecem aos jogos. O futebol feminino do Vasco tem tido resultados muito significantes e importantes. Nós precisamos de vocês para que o futebol feminino evolua cada vez mais.