Durante a semana que antecedeu o primeiro duelo entre Vasco e Corinthians, pelas quartas de final da Libertadores, os treinadores disseram que era difícil haver surpresas, já que as equipes se conheciam muito bem. O equilíbrio da partida em São Januário, que terminou 0 a 0, corroborou esse pensamento. Por isso, para o confronto de volta, nesta quarta-feira, Cristóvão Borges e Tite terão que ser mais ousados se quiserem abrir os esquemas de seus rivais. E a chave para isso parece estar no meio-campo.
No jogo do Rio de Janeiro, as duas equipes tiveram duelos diretos no setor. Cristóvão entendeu que a senha para marcar o Corinthians era fechar as portas a seus volantes. Por isso, Juninho vigiou Ralf de perto, e Romulo não desgrudou de Paulinho. Tite respondeu com Ralf na cola de Juninho, e Paulinho, auxiliado por Danilo, de olho em Romulo (veja por quanto tempo cada atleta marcou o outro no quadro abaixo).
A diferença entre as equipes ficou por conta do jogador escolhido para ajudar a compor a defesa. No Vasco, Nilton pouco avançou e grudou em Danilo, principal responsável pela armação das jogadas. Já no Corinthians, o lateral-direito Alessandro subiu pouco para ficar na marcação de Diego Souza, que cai mais pela esquerda de ataque. No jogo de volta, nesta quarta-feira, os técnicos têm algumas opções para tentar surpreender.
- Acho que o Vasco vai apostar mais no contra-ataque, e o Corinthians, no fator campo. Em termos de estrutura, não tem muito o que fazer, porque teriam que mudar o estilo que usam há muito tempo. As técnicas são antigas. Mas podem mudar os jogadores e, com isso, a forma de jogar. O Vasco pode tirar o Nilton e o Juninho e escalar Fellipe Bastos e Felipe. Aí, o Bastos vai duelar com o Paulinho e o Felipe com o Ralf, deixando o Romulo mais plantado. Com o Bastos, o Vasco ganha um cara que pode armar e defender e, principalmente, chutar de longe. O Vasco tem mais alternativas do que o Corinthians, que pode variar no meio armador. O Alex pode recuar e atuar no lugar do Danilo, e entrar um atacante de ofício, como o Liedson ou o Elton. Essa pode ser a grande aposta - aponta André Rocha, dono do blog Olho Tático.
Técnicos se preparam para partida de xadrez
Cientes de que precisam ganhar esse duelo tático do meio-campo, os treinadores planejam suas ações cautelosamente, como em um jogo de xadrez. O objetivo é derrubar os peões do adversário, sem deixar os seus expostos.
- Não sei jogar xadrez, mas conheço alguns movimentos. É um jogo muito bem pensado, é parecido com o futebol. Eu e ele (Tite) tentamos nos adaptar ao jogo. Sem dúvida, essa questão do meio-campo pode decidir o jogo. Você tem que se adaptar para fazer a diferença. Temos que estudar as virtudes que eles repetem em todos os jogos e inibir isso. Conseguindo, podemos naturalmente fazer a diferença. Sei que o Tite pode estar programando algumas mudanças e tenho que estar preparado para todas elas. Também temos nossas armas. Para um jogo como esse, temos que ir com o arsenal completo - disse o técnico Cristóvão Borges, que deixou no ar a possibilidade de mudar a escalação para o jogo.
Para Tite, o duelo exigirá não apenas ganhar o meio-campo com seus peões, mas que algumas peças também façam lances arriscados em busca da vitória.
- O meio de campo, como engrenagem da equipe, é importantíssimo para conseguir fazer um bom jogo. Nós temos boas opções nesse setor, assim como o Vasco. Mas não podemos abrir mão da jogada individual do Emerson, do Jorge Henrique, do Alex...
Vasco e Corinthians se enfrentam nesta quarta-feira, no Pacaembu. O jogo tem início às 21h50m (horário de Brasília) e transmissão ao vivo pela Rede Globo para SP, RJ, MG, ES, RS, PR (menos Curitiba), SC, PE, CE, PB, SE, MA, RN, PI, AL, DF, MT, MS e Região Norte. Com o empate por 0 a 0 na primeira partida, o Vasco joga por uma igualdade com gols no duelo de volta. Outro placar em branco leva a decisão da vaga nas semifinais da Libertadores para os pênaltis.
Colaborou Carlos Augusto Ferrari