Ricardo Sá Pinto lembrou a passagem pelo Vasco da Gama, em 2020, e ‘culpou’ a pandemia de Covid-19 e a falta de reforços pelo insucesso.
«Eu queria o Cano livre, era o nosso jogador com mais qualidade. Tínhamos o Talles Magno, que ora corria, ora não corria. O Benítez, realmente tinha alguma qualidade, mas vagabundo, andava por todo o lado, não respeitava a posição e andava muito lesionado. Ambos podiam jogar a 10, mas não eram fortes defensivamente. Os meus laterais eram extremos e os meus extremos jogavam por dentro para apoiar o Cano. Vagabundo em Portugal é gostar de estar em todo o lado, de ter a bola, mas faltava-lhe aquele último terço, andava pelo campo todo. O Benítez era um miúdo fantástico. Pena as lesões», disse, em entrevista ao canal Expresso 1923.
Sá Pinto defendeu não ser um milagreiro e deu conta dos problemas financeiros do clube.
«Milagres eu não faço. Tanto é, que Vanderlei Luxemburgo, que é uma pessoa muito competente e com um currículo enorme, não conseguiu fazer melhor. O problema não era o treinador. Com todo o respeito, ele fez mais jogos, não teve a Covid-19, contratou jogadores, não tinham problemas financeiros, jogava de oito em oito dias. Eu jogava de três em três. Eu tive um contexto muito difícil», apontou.
«Não posso fazer as coisas sozinho. Não tinha dinheiro para pintar o campo do centro de treinos. Nem para tomar um pequeno almoço. Havia rapazes sem dinheiro para comer. Não recebi nenhum salário em quatro ou cinco meses. Alguém me viu a reclamar de alguma coisa?», prosseguiu, revelando que havia cobras e jacarés no centro de treinos.
«O campo não era tapado como hoje. Há várias histórias. Tínhamos um cãozinho que estava lá todas as manhãs. No dia seguinte aparece sem uma pata. O que aconteceu? Uma bola caiu lá atrás, foi atrás da bola e o jacaré roubou-lhe a pata», atirou.