Futebol

Donizete revela que Edmundo o convenceu a fechar com o Vasco

Eleito o melhor jogador na final da Copa Libertadores de 1998, Donizete Pantera brilhou com a camisa do Vasco na conquista do título sobre o Barcelona-EQU. Ele fez gols nas duas partidas decisivas do torneio e entrou para a história do clube. Por muito pouco, porém, o destino do ex-atacante poderia ter sido outro.

Depois de viver um ano de 1997 muito difícil no Corinthians - que quase terminou rebaixado no Brasileiro - e ser emprestado para jogar o Mundial de Clubes pelo Cruzeiro, ele queria mudar de ares no começo da temporada.

“A torcida pegava muito no meu pé porque eu era um dos principais jogadores do elenco. O Vanderlei Luxemburgo chegou ao Corinthians e disse que contava comigo para o projeto dele, mas eu já estava decidido. Eu iria para o Flamengo, estava quase tudo certo. Olha como são as coisas!”, recordou Donizete, ao ESPN.com.br.

“O Edmundo é muito meu amigo e morávamos no mesmo condomínio no Rio de Janeiro. Ele me disse que iria ser vendido para a Fiorentina e queria que eu fosse para o lugar dele para substituí-lo”, recordou.

Mesmo com Donizete quase fechado com o arquirrival, Edmundo mandou o presidente Eurico Miranda ir pessoalmente convencê-lo a mudar de ideia.

“Quando o presidente de um clube vem até a sua casa, você vai fazer o que? Olha a honra. Eu aceitei substituir o homem”, riu Donizete.

Começo difícil

Donizete chegou para o lugar do maior ídolo da torcida vascaína naquela altura e que tinha sido o melhor jogador no título brasileiro de 1997.

“No começo foi muito difícil porque cheguei para substituir um ídolo que é o Edmundo. Só que substituir o Edmundo era impossível. Aquilo me pesou muito porque ele tinha feito um Brasileiro brilhante e a torcida não queria que ele saísse. Quem chegasse para o lugar dele tinha que estar à altura. Era impossível pelo nível de idolatria”, contou.

Além da pressão, Donizete não estava à vontade no esquema de jogo do técnico Antônio Lopes.

“Eu achava que estava marcando muito e não tinha força para chegar ao ataque. Falava muito isso ao Lopes. Eu consegui mostrar que poderia me liberar um pouco mais. No começo eu achei que o Lopes estava com dúvidas na minha capacidade, mas consegui jogar da forma que queria”, explicou.

Para que isso acontecesse, Donizete procurou se entrosar o mais rápido possível com Luizão, seu parceiro de ataque.

“O Luizão é um centroavante forte e aguerrido. Sempre gostei de fazer dupla com caras assim. Ele era uma referência para mim porque eu fazia gols, mas não era um goleador nato. Eu me esforçava muito, corria por todos os lados e servia meus companheiros”, contou.

O ex-atacante acredita que depois da vitória por 3 a 0 sobre o Grêmio o time deslanchou.

“O grupo era muito seguro e estava encaixado. Com o meu crescimento o time cresceu junto. É uma competição que exige muito da parte mental do atleta. Tem cara que com a pressão da torcida não aguenta”.

O Vasco terminou a fase de grupos em segundo (8 pontos), atrás do Grêmio. Nas oitavas, a equipe passou pelo Cruzeiro (campeão do ano anterior) e pelo Grêmio antes de eliminar o River Plate – em pleno Monumental de Núñez - nas semifinais.

Na decisão, o adversário foi o Barcelona-EQU. No jogo de ida, em São Januário, Donizete e Luizão marcaram os gols da vitória por 2 a 0.

Fizemos um trabalho espetacular e fiz um golaço de fora da área. É o gol mais bonito da minha carreira”, contou.

Na volta, o Vasco venceu por 2 a 1 com gols de Luizão e Donizete (que foi expulso nos acréscimos) e ergueu o título da Libertadores.

“Ser campeão foi uma coisa de louco, é uma felicidade que não dá para explicar. Fomos campeões no ano do centenário de um clube com uma torcida imensa", afirmou.

Mesmo depois de 22 anos, o ex-atacante ainda se emociona ao recordar da conquista.

"A ficha não caiu até hoje, quando vou a São Januário recebo muita moral e carinho. Você fica todo bobão, parece que ainda está jogando. É uma coisa que para sempre serei lembrado”, finalizou .

Fonte: ESPN
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