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Edmundo abre o coração em entrevista

Edmundo viveu dias de fortes emoções com a conquista da Copa do Brasil pelo Vasco e o convite, mesmo que tardio, para fazer jogo despedida pelo clube. Após passar dias em São Paulo, para onde vai se mudar em breve, o ex-jogador conversou com exclusividade com o Jogo Extra. O ídolo do Vasco festeja poder voltar a São Januário, fala sobre o jogo de despedida, sobre a imposição de uma filha — dos quatro filhos que tem — ser vascaína, diz que não dá para Juninho e Felipe jogarem juntos. Também abre o jogo sobre Vanderlei Luxemburgo e a trégua com Romário.

Como você vê a conquista da Copa do Brasil?
O Vasco teve uma crise inicial de relacionamento. PC (Paulo César Gusmão), Carlos Alberto, torcida... Crise geral. Males que vêm para o bem. Veio o Ricardo Gomes. O alerta fez com que a diretoria trouxesse reforços pontuais. O Alecsandro... Eu acreditava no time mesmo após a Taça Guanabara. Embalou na Taça Rio, criou um conjunto. E na Copa do Brasil teve a felicidade de adversários mais fortes serem eliminados. O São Paulo, o Palmeiras. E aí o Vasco chegou como grande favorito. Mesmo sem fazer grandes exibições em casa, estava jogando bem fora.

Esse time está bom para a Libertadores de 2012?
Vejo muita qualidade. O Allan foi bem na lateral direita, mas o time precisa de um reforço para essa posição. No geral, com a chegada do Juninho, a equipe está experiente. Precisa de o Ramon render mais, ser aquele que fez uma Série B espetacular. A conquista faz com que todos cresçam profissional e moralmente. O Vasco tem jogador bom no banco.

A conquista põe fim à sina de vices, que tanto pressionava o clube e o time?
Olha, eu acho que é melhor chegar em segundo do que em décimo. O Vasco chega, cara. Tem um título nacional, brasileiro, a cada década. Teve nos anos 70, 80, 90, 2000 e agora. Isso é rótulo, é pela rivalidade. O pessoal tirava sarro na rua.

Mas os jovens do elenco sofriam com isso?
Isso vem do torcedor. Mas alguns jogadores, mais jovens, o que é natural, sofriam, sim. Talvez isso tenha influenciado na final da Taça Rio. O Vasco vinha muito melhor do que o Flamengo. Mas não conseguiu se impor. Nos pênaltis, ficou mais claro ainda isso.

Qual sua análise sobre o retorno do Juninho?
O fato de ter sido campeão é muito bom para ele. Vai ser um ano de festa, São Januário lotado. Basta ficar no meio da tabela no Brasileiro. É preparação para a Libertadores de 2012. Na minha volta (em 2008), foi difícil. Eleição, torcida impaciente, é horrível. Pessoas brigando internamente. O grande câncer do clube é oposição. Sabe de tudo o que acontece, torna público. Isso não vai acontecer com o Juninho.

Como escalar a parte ofensiva com o Juninho?
É o grande problema para o Ricardo Gomes jogar com Felipe, Juninho, Diego Souza, Eder Luis. Ainda tem o centroavante. O Juninho vai jogar no lugar de quem? Mas ele vai poder jogar sem o peso nas costas de ter que entrar num Brasileiro para ser campeão de qualquer jeito.

Não dá para jogar ele e o Felipe juntos, então?
Ou ele ou o Felipe. É difícil jogar só com o Rômulo na marcação. Tecnicamente, será brilhante. Mas como enfrentar o São Paulo, no Morumbi, assim? E o Internacional no Sul?

Após a conquista, você se emocionou e selou as pazes com o Roberto. Vai mesmo ter o jogo de despedida?
Independentemente de ter ou não jogo de despedida, o mais importante é que as portas de São Januário estão abertas para mim novamente. O Roberto me procurou há uns dois meses. Eu estava triste. Não podia levar meus filhos a São Januário, temendo que fizessem comigo o que o Eurico fez com ele (foi barrado na porta do clube). Seria um constrangimento. Ele ter tornado isso público, num momento de consagração, foi excepcional.

Mas vai ter festa?
O resto é consequência. Gostaria de ter novo contato com a torcida, roupeiros. A minha história de vida é lá. A história de Edmundo e Vasco se confundem. Cheguei moleque. Realizei o sonho de infância de jogar com o Roberto. Até o último jogo é típico de filme. Trágico, é verdade. Foi a queda à Série B. Mas até disso eu tiro o lado bom: nunca, nunca, fui hostilizado na rua pelo rebaixamento. O Vasco é eterno.

Parece que a manifestação do Dinamite pôs fim à mágoa...
O Roberto não teve atitude lá atrás. Poderia ter me ligado, dizendo que era outra filosofia de trabalho. Eu já estava consciente de que iria parar. No jogo do Zico, no fim do ano, ele me convenceu a continuar, já que eu tinha contrato até o final de janeiro. Voltaria e renovaríamos por um tempo. Só que um supervisor, que nem era oficial do clube, fez o último contato. Não guardo mágoa, sem demagogia. Quando iniciei na Rede TV, fazendo comentários, acabava alfinetando, talvez por mágoa. Mas isso acabou. O Roberto demonstrou grandeza.

Bem, você teme ser usado como bandeira política em período eleitoral?
Quando fui procurado no início do ano, foi a primeira coisa que disse. Não acho que estão querendo me usar. O Roberto frequentava a minha casa. Eu nunca me meti quando ele e Eurico brigavam. Eu sempre quis estar de bem com a agremiação, e não com as pessoas. Quero frequentar o Vasco e vou comprar título de sócio proprietário para levar meus filhos, para eles frequentarem a piscina e saber quem foi o pai deles. Terão orgulho de mim.

E a festa?
Acho que não tem tempo hábil para antes das eleições também. Quero me preparar. Não quero festa de despedida em que eu esteja fora de forma. Quero jogar 30, 45 minutos. E não será em jogo oficial. Não sei se vai acontecer, se não vai acontecer. O melhor de tudo isso é que vou ter livre acesso a São Januário.

Vai ao estádio ver jogos?
Vou frequentar como torcedor que sou. E levar meus filhos. Até porque tenho quatro filhos: o Edmundinho é botafoguense, a Ana Carolina é tricolor, o Alexandre é Flamengo e a Catarina é Vasco na marra. Não posso ter quatro filhos e nenhum ser Vasco.

O Edmundo hoje é comentarista. Como está sendo?
Olha, eu não ouvia comentários. Só mesa redonda. Os programas hoje são bons quando têm conteúdo, em véspera de jogo. Eu não entro no lado pessoal, me limito a falar de futebol. Muitos amigos, que jogaram comigo, estão atuando ainda. Tem o lado sentimental e acabo protegendo. Mas busco ser imparcial. A Bandeirantes me dá liberdade. Se impusesse restrições, não aceitaria. Estou numa vida nova, me sentindo com 18, 19 anos, estreando no profissional (risos). Estou feliz.

Você é o ex-boleiro que não estuda, só fala do jogo?
Estou indo morar em São Paulo. Foi uma exigência. Estou estudando mais, sabendo das relações contratuais, lesões. Antes, cuidava só de bola.

Nos últimos dias, sua briga judicial com o Vanderlei Luxemburgo voltou à tona. O que fala sobre isso?
Não queria que o nome dele fosse ridicularizado. Minha intenção é receber. Emprestei dinheiro a ele em 1996, quando eu jogava no Corinthians. Ele virou técnico da seleção em 99. Ele não pagava, eu não cobrava. Queria ir para a seleção, né? Nove anos depois, tive que ir à Justiça. Ele me chamou de mau caráter, moleque. Não penso isso sobre ele. Gosto da família dele, das filhas, da Jô (esposa). Ele conduziu de maneira errada. Dizia: vou te pagar, vou te pagar. É um absurdo uma pessoa, que falam que recebe R$700 mil por mês, não ter absolutamente nada em seu nome. E compra relógio, diz que tem avião. Sabemos que chega de Maserati no treino, que perdeu R$300 mil no pôquer. A filha dele disse a um amigo meu que estou fazendo papelão. Eu só quero o que é meu. Se ele diz que o Edmundo é uma farsa, ele diz que a Justiça é farsa. Não falo mais nada sobre ele.

E o Romário? Fala com ele?
De coração, eu nunca me desentendi com o Romário pessoalmente. Nunca rolou palavrão, xingamento. Tudo foi publicamente. Intriguinha de lá, intriguinha de cá. Ele sempre teve relação melhor com a imprensa e foi mais sarcástico em suas tiradas. No juvenil, o (supervisor Paulo) Angioni me apresentou a ele e disse que eu seria o sucessor. Era tudo bem. Mas quando comecei a concorrer com ele, artilharia, jogadas, mulher na noite, bateu um sentimento ruim nele. Eu só queria jogar futebol e ganhar meu dinheiro. Encontro o Romário muito pouco atualmente. Nos cumprimentamos. Oi, tudo bem, rola. Vejo ele com a filha. É uma relação distante, mas amistosa. Não tem guerra. Já fui até jogar na pelada dele. Quando ele teve o problema da cobertura (que foi a leilão), me ligou para alugar um apartamento. As brigas foram disse me disse.

Fonte: Extra
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