Nenê juntou as mãos, cruzou os dedos e orou, sentado no banco de reservas da Ilha do Retiro. Somente uma intervenção divina para livrar o Vasco da derrota certa na Ilha do Retiro. E ela aconteceu. Um jogo que tem tudo para entrar para a história do cruz-maltino como o do milagre da Ilha.
Isso porque o time da Colina arrancou um empate absolutamente do nada para seguir com boa vantagem na briga para retornar à Série A. Jogou mal, foi dominado pelo Sport, mas um pênalti quase no fim do tempo regulamentar mudou absolutamente tudo na história da partida e talvez do próprio cruz-maltino. Coube a Raniel a cobrança certeira, que trouxe o placar de 1 a 1 e confusão logo na sequência.
O atacante, revelado pelo Santa Cruz, foi comemorar o gol bem diante dos torcedores do time da casa. Em seguida, um portão que separa o campo da arquibancada foi arrombado pela torcida local, que agrediu seguranças no campo.
Os jogadores discutiram entre si e os vascaínos correram rumo aos vestiários na Ilha do Retiro, com medo de serem agredidos. O árbitro Raphael Claus, pressionado, teve de tomar uma decisão. Depois de quase uma hora, concluiu que não tinha condição de jogo e encerrou a partida.
- A polícia disse que tinha condição, nosso time queria jogar, mas o Raphael e o Vasco disseram que não sentiam segurança para jogar. Isso mostra que o crime compensa. Você marca um pênalti duvidoso, o jogador provoca nossa torcida para ter a confusão, e leva a melhor. Queríamos mais quatro minutos. Nada garante que faríamos o gol, mas queríamos jogar - reclamou o técnico do Sport, Claudinei Oliveira.
Faltam três partidas para o fim da segunda divisão e o cenário é favorável para o acesso graças a esse empate. O Vasco manteve três pontos de vantagem sobre o Leão (56 contra 53) e quatro sobre os próximos dois adversários na segunda divisão: Criciúma e Sampaio Corrêa. Serão duas partidas seguidas em São Januário.
O empate na Ilha do Retiro
Neste domingo, o Vasco entrou em campo com Miranda, zagueiro que não jogava há 13 meses. Ele atuou improvisado na lateral direita e até deu conta do recado. O Sport, com a obrigação de buscar a vitória, teve a iniciativa do jogo. O cruz-maltino se defendeu bem no primeiro tempo.
Em compensação, faltaram alternativas para sair no contra-ataque. O time carioca abusou dos lançamentos para Eguinaldo se virar entre os zagueiros do Sport. Em duas ou três oportunidades, o Vasco conseguiu articular jogadas e levar perigo. Foi só.
No segundo tempo, o jogo ficou mais aberto, com o Sport se lançando ainda mais ao ataque e deixando assim mais espaços na defesa. O Vasco passou a ameaçar mais e um gol que abrisse o placar se tornou questão de tempo.
Coube ao Sport balançar as redes, com Labandeira aproveitando rebote de Thiago Rodrigues, aos 20 minutos do segundo tempo. Depois disso, o time pernambucano esteve sempre mais perto de ampliar a vantagem do que sofrer o empate.
Mas quando tudo parecia perdido, a bola ficou na grande área do Sport, entre o goleiro Saulo e o atacante Alex Teixeira. O vascaíno chegou primeiro na bola e foi derrubado. Pênalti marcado por Raphael Claus graças ao recurso do VAR. Aos 48 minutos do segundo tempo, Raniel cobrou e operou o milagre.