Tentando criar um clima de concentração em meio a agitação da votação para presidente, que acontecia no ginásio de São Januário, Zé Ricardo comandou na manhã de ontem um treino fechado à imprensa, pensando na partida de hoje, contra o Santos, às 21h45, na Vila Belmiro, pelo Brasileiro. Apesar da tentativa de blindagem, o campo de futebol não ficou imune à potência dos carros de som. No lado de fora, as chapas travavam uma batalha musical com canções “à la samba enredo” em apoio aos três candidatos à presidência — que diminuíram para dois à tarde, após Fernando Horta abrir mão da disputa para apoiar Julio Brant contra o atual presidente, Eurico Miranda.
Enquanto os carros de som competiam pelo volume mais alto do lado de fora, foi confirmada a ausência de Anderson Martins, que apresentou uma lesão grau 1 na coxa direita e terá que ficar cerca de duas semanas fora. Paulão será o substituto. Por suspensão, Luis Fabiano, Madson e Martín Silva também não jogam. Andrés Rios entra no ataque e Gilberto na lateral direita.
No gol, o titular não poderia atuar de qualquer maneira, pois está com a seleção do Uruguai. O jovem Gabriel Félix, de 22 anos, das divisões de base, será a escolha de Zé Ricardo e do auxiliar-técnico Valdir Bigode, que compareceu à votação antes do treino com uma camisa manifestando apoio a Eurico. Será a estreia do jovem goleiro entre os profissionais
Na Vila Belmiro, o time, invicto há oito rodadas, tenta acabar com a sequência de três empates.
Clima esquenta à tarde
O atual presidente posicionou seu trio elétrico bem em frente à entrada social do Vasco. Os sócios entravam para votar ao som do jingle de Eurico, que repetia bordões do mandatário, como "o respeito voltou" e o tradicional grito de "Casaca". Quando seus opositores entoaram “Casaca” para anunciarem a união das chapas entre Horta e Brant, Eurico não escondeu a irritação e chamou a atitude de “palhaçada”.
O presidente vascaíno se mostrava nervoso desde cedo pela chance de união das chapas de oposição. Eurico foi o último dos candidatos a votar. E permaneceu na zona de votação, perto dos mesários, durante toda a tarde. Enquanto isso, Brant e Horta articulavam um apoio na reta final. Horta, o primeiro a depositar seu voto, aparecia muito atrás dos outros dois nas pesquisas informais de boca de urna. Acabou cedendo e abrindo mão da candidatura por volta das 17h, e pediu que seus eleitores apoiassem Brant. Os votos recebidos por Horta até então foram descartados.
O apoio de Horta, unificando a oposição, inflamou os ânimos da militância. Apoiadores de Brant e de Eurico passaram a trocar farpas no lado de fora. A postura era diferente da observada no início do dia, quando partidários dos três candidatos conviviam harmonicamente, inclusive lado a lado.
O pleito tinha urna exclusiva para 691 sócios que estão sub judice por irregularidades no cadastro. Esses votos só serão contabilizados após perícia judicial, que deve ser concluída em uma semana. No início da noite, quando o movimento aumentou nesta urna, o clima ficou tenso. Seja qual for o desfecho, uma coisa é certa: a eleição para a presidência do Vasco não acabou ontem.