Grupo Identidade Vasco: Alexandre Campello, um erro a ser superado (Parte I)
“O Grupo Identidade Vasco vem publicamente, diante dos sócios e torcedores, reconhecer seu grave erro no decisivo e equivocado apoio que demos à eleição de Alexandre Campello”
Após reunião realizada no sábado, dia 04 de maio de 2019, os integrantes do Grupo Identidade Vasco partilham com a torcida vascaína sua autocrítica coletiva, reafirmando os princípios estabelecidos desde sua fundação, em 2012.
Em 05 de maio de 2018 - exatamente há um ano - 13 (treze) Vice-Presidentes (VPs) e 38 (trinta e oito) Diretores membros do Grupo Identidade Vasco, cumprindo decisão unânime do Grupo, deixaram as funções administrativas que ocupavam na gestão do Clube, pouco mais de 3 (três) meses da conturbada eleição realizada em nossa Sede Náutica, na Lagoa Rodrigo de Freitas.
O afastamento voluntário dos VPs e Diretores foi a primeira autocrítica pública do Grupo Identidade Vasco e teve como motivação a inobservância, por parte do Presidente da Diretoria Administrativa, Alexandre Campello, de procedimentos éticos mínimos, de transparência e absoluta falta de Democracia nas decisões. O rompimento com o atual Presidente, apesar de inevitável, foi doloroso, especialmente porque foi o Grupo Identidade Vasco que lançou a candidatura de Alexandre Campello para Presidir nosso amado Clube.
Alexandre Campello carrega uma longa ficha de serviços prestados ao Vasco da Gama e áurea de empresário bem-sucedido, mas revelou-se um gestor inseguro, centralizador e incompetente, refém de sua própria vaidade, que se refugia na tirania e distribuição de benesses, visando a manutenção do poder a qualquer custo, práticas contra as quais nós sempre nos opusemos.
A situação atual do CRVG mostra que as denúncias que fizemos ao nos afastarmos desta gestão, há 12 meses, infelizmente encontraram plena confirmação. Hoje o Vasco, em campo, é o reflexo de práticas obscuras e caóticas, para não dizer predatórias. Campello acumula, desde a saída do Identidade Vasco, o cargo de vice-presidente de futebol e conduz de forma autocrática o clube que soma, um atrás do outro, resultados pífios no Futebol, no Remo e no Basquete Mesmo assim, Campello nunca assume qualquer responsabilidade. É sempre culpa da gestão anterior, “do clima político”, de um funcionário demitido, etc.
No Vasco de Alexandre Campello o desrespeito ao estatuto e poderes do Clube é norma. Não existe qualquer compromisso com o futuro do Vasco como instituição permanente. Parece que para o atual presidente, o Vasco, depois que ele não for o mandatário, pode muito bem não existir. E assim assistimos, incrédulos, ao descumprimento de centenas de acordos trabalhistas, medida que, além de desumana, é irresponsável, pois jogará sobre os ombros do Almirante, em futuro não muito distante, uma pesada carga financeira.
O descumprimento do Estatuto e o evidente desprezo pelo Conselho Fiscal do CRVG revelam a lógica autocrática, que se reflete na desarmonia administrativa entre os diversos setores do Club do qual a desestruturação perversa do Colégio Vasco da Gama é um símbolo doloroso, assim como o Departamento médico e seus vínculos privados.
Mas é no futebol que fica mais evidente o formato centralizador e desnorteado da gestão, com seus contratos sigilosos e a inaptidão explicita de Alexandre Campello para um planejamento minimamente digno deste nome. Atualmente, com o time de futebol partindo para a quarta rodada do Campeonato Brasileiro, única competição que nos restou no ano, ainda estamos à procura de um treinador e correndo o risco de ter que começar o trabalho praticamente do zero.
A eleição ocorrida em janeiro de 2018, na Lagoa, que levou Alexandre Campello à presidência, respeitou rigorosamente o Estatuto do Club de Regatas Vasco da Gama, e seu resultado refletiu o desejo manifestado pelos votos da ampla maioria dos Conselheiros do Clube, eleitos e natos, sendo assim, uma eleição legal e legítima.
Porém, é forçoso constatar que o pleito que elegeu Campello, com o inédito racha da chapa vencedora na Assembleia Geral de novembro de 2017, contribuiu para criar uma fissura ainda maior nas já conturbadas relações internas de confiança e no ambiente político permanentemente conflagrado do Vasco.
Por tudo que foi aqui exposto o Grupo Identidade Vasco vem publicamente, diante dos sócios e torcedores, reconhecer seu grave erro no decisivo e equivocado apoio que demos à eleição de Alexandre Campello em janeiro de 2018.
A nosso favor temos o fato de que em nenhum momento cogitamos qualquer tipo de barganha em troca de permanecer no poder e deixar de denunciar o que víamos de errado na gestão que ajudamos a eleger. Tão logo constatamos o rumo irreversível que esta gestão estava tomando, nos desligamos dos cargos, pelos quais tanta gente mostra desesperado apego.
Não faltou quem, na época do rompimento, dissesse que sem o Identidade Vasco, “agora sim, Campello iria dar um rumo correto às coisas”. O resultado está sendo este a que estamos assistindo.
O Grupo Identidade Vasco foi criado em 2012 e mantêm-se com a saudável prática de promover amplo debate interno e decisões coletivas. Somos vascaínas e vascaínos, com inequívoco compromisso com o Vasco e suas tradições democráticas. Somos vascaínos de novas e antigas gerações, coadunados pelos valores da ética, transparência e solidariedade. Nos orgulhamos de fazer o bom debate, sem deixar de reconhecer nossos erros e, assim trilhar o caminho da verdade.
Somos, hoje, um grupo de oposição comprometido com o presente e o futuro do Vasco. Apostamos na criação de uma unidade da oposição, constituída através do diálogo transparente e pactuado, para a construção, muito antes de um projeto de poder, de um projeto de Vasco, que precisa ser Gigante no nome e na prática.
É preciso caráter para reconhecer o erro, coragem para superá-lo e, antes de tudo, dignidade para estar no Vasco.
Rio de Janeiro, 05 de maio de 2019
Identidade Vasco
O Vasco é a nossa Identidade