Como funciona o protocolo?
A novidade é utilizada quando jogadores se envolvem em uma colisão de cabeça ou quando um atleta tem sintomas de lesão. Se necessário, os times afetados tem direito a uma troca além das cinco substituições habituais, mas ela é limitada a apenas uma de cada lado por jogo. O médico da equipe, único responsável por constatar a concussão, deverá informar ao árbitro. Para isso, ele deverá portar um cartão vermelho que será entregue à equipe de arbitragem após identificar os sintomas no atleta.
Depois do fim do jogo, o cartão será devolvido, e o médico preencherá um questionário detalhando os sintomas identificados e o tratamento feito com o jogador. Além disso, um relatório deverá ser enviado, com a evolução do quadro do jogador, o protocolo de retorno aplicado e a data do retorno para a próxima partida, à Comissão Médica da CBF, que realizará a verificação para consolidar se os procedimentos foram cumpridos.
A nova regra vale para as Série A e B do Campeonato Brasileiro e segue determinações adotadas para as eliminatórias para a Copa do Mundo Masculina 2026 e a Copa do Mundo Feminina 2023.
Um time pode voltar atrás da decisão de acionar o recurso?
— Existe o protocolo para se basear no momento. O cartão vermelho é vermelho e não pode ser removido. Você só pode usar o cartão uma vez. Estou esperando o relatório do médico do Grêmio para esclarecer a situação. Como nenhum utilizou a substituição extra, não houve prejuízo técnico — explicou ao GLOBO.
Ainda segundo ele, depois que o cartão vermelho é levantado pelo médico, não é possível que seja acionado outra vez durante o jogo pelo especialista do time. Assim, caso houvesse qualquer outra situação de protocolo de concussão com um atleta do Grêmio, o treinador Renato Gaúcho teria que utilizar uma de suas outras quatro substituições disponíveis ou ficar com um jogador a menos.
Pós-lesão: o que o jogador deve passar para ser liberado?
Para que o jogador seja liberado para a partida, é preciso que a CBF analise todo o processo de intervenção passado. O presidente da CMCD detalhou como ocorre essa intervenção da Confederação.
— Avaliamos o protocolo Utilizado, as imagens obtidas pelo VAR de cada caso, o preenchimento do questionário, relatório da programação de retorno, que existem várias fases, e relatório final com data da provável escalação para a partida oficial. Tudo tem que ser cumprido [para ser liberado para jogo] — explicou Dr. Jorge Pagura.
Por que esse protocolo é importante?
O protocolo de concussão foi instaurado pela CBF para dar mais segurança ao atleta, já que o trauma de crânio é a segunda lesão em ocorrência no futebol, alerta o Dr. Jorge Pagura. Segundo um estudo publicado na revista The Lancet Public Health em 2023, atletas de futebol de elite apresentam 1,5 vezes mais chances de desenvolver doenças neurodegenerativas em comparação ao restante da população.
Segundo Rodrigo Brochetto, coordenador médico do Botafogo, os danos para os jogadores podem se alastrar caso o problema não seja tratado da maneira correta, levando a pioras significativas do quadro.
— Atletas que sofrem concessões sucessivas e que, principalmente não fazem o tratamento adequado, tem um maior risco de apresentar no futuro uma doença chamada Encefalopatia Traumática Crônica, que causa uma degeneração progressiva, levando a alteração de comportamento (agressividade) e demência — disse ele.