Apenas três gols separam Edmundo de uma marca épica no Campeonato Brasileiro. Artilheiro do Palmeiras no Nacional, com seis gols, o jogador está muito perto de igualar os 135 gols marcados por Zico na competição e se tornar o terceiro maior goleador da história do torneio.
O meia-atacante do Flamengo é considerado um dos principais nomes da história do Campeonato Brasileiro. Em campo com o time carioca, Zico conquistou o torneio quatro vezes e se tornou o maior ídolo do clube rubro-negro na década de 80, que também trouxe o título mundial à equipe da Gávea.
Em entrevistas exclusivas ao Pelé.Net, Zico e Edmundo comentam a proximidade de seus números e a importância do Campeonato Brasileiro em suas carreiras. Desde que o torneio foi criado, em 1971, apenas dois jogadores possuem mais gols do que a dupla.
Roberto Dinamite balançou as redes no Nacional 190 vezes e lidera o ranking dos artilheiros. A segunda posição é de um outro ex-vascaino. Romário, que deixou o time de São Januário após o Brasileiro de 2005, para atuar nos Estados Unidos, tem 152 gols.
Para se aproximar dos líderes, Edmundo ainda tem pelo menos mais um ano e meio nos gramados antes de se aposentar. O jogador renovou seu contrato com o Palmeiras recentemente e fica no clube do Parque Antarctica até o final do Campeonato Brasileiro de 2007.
Pelé.Net - Você sabia que está tão próximo dos gols de Zico no Brasileiro? Qual é a sua relação com o ex-jogador do Flamengo? Já comentou este assunto com ele?
Edmundo - Sou muito amigo dos filhos do Zico e costumo freqüentar a casa dele. Sei que estou próximo desta marca, mas jamais conversei com ele sobre este assunto. É até engraçado quando a gente se encontra. Fico impressionado quando entro em sua casa e vejo as imagens de sua carreira. Tenho muito respeito pelo Zico e minha fisionomia muda. Até o linguajar se modifica pela admiração que tenho por tudo que ele ainda é no futebol.
Pelé.Net - Após se igualar a Zico, você ainda precisa de mais 17 gols para chegar em Romário. É possível bater o \"baixinho\"?
Edmundo - Sinceramente acho que não. O Romário fez muitos gols no Brasileiro e não tenho a preocupação de passar nem mesmo o Zico. Para falar a verdade, não queria mesmo é que alguém me passasse. Se meu nome ficar onde está, entre os quatro maiores artilheiros do Brasileiro, já ficarei gratificado para o resto da vida. Antigamente não dava nenhum valor a este tipo de coisa e não queria nem pensar sobre o que seria da minha vida após o final da minha carreira. No entanto, quando você vai vendo que falta pouco para o fim [da carreira], você passa a curtir este tipo de coisa. Cada vez que termina uma partida penso que tenho um jogo a menos para aproveitar.
Pelé.Net - Você disse que não gostaria que nenhum jogador o ultrapassasse, mas não concorda que chegar a esta marca no Brasileiro está cada vez mais difícil?
Edmundo - Sem dúvida. Hoje os jogadores vão cada vez mais cedo para fora do Brasil. Eu ainda vivi uma época em que os clubes da Europa de menor tradição vinham para a América do Sul para contratar e depois tentar vender para os grandes de lá. Hoje a coisa é diferente, Barcelona, Milan, Real Madrid vem comprar o jogador ainda muito jovem e direto de seu clube de origem. O Robinho, por exemplo: tenho certeza que ele faria mais gols do que eu se fizesse sua carreira no Brasil, mas isso não acontece.
Pelé.Net - Entre os jovens valores do Brasileiro, quais são os que você mais admira? Quais teriam condição de se aproximar destes números centenários caso continuem no Brasil?
Edmundo - Tem um monte de gente que sabe fazer gol no Brasil. Quando estava no Figueirense sempre comentava sobre um menino que está lá, o Soares. É um bom jogador. O Nilmar, do Corinthians, já é uma realidade. O Lenny, do Fluminense, apesar de o time viver um momento ruim, também sabe fazer gols, mas gosto mesmo é do
Fernandão. Para mim ele é o melhor jogador do país. É um cara alto, que sabe jogar na área, mas que também consegue atuar como meia e servir os companheiros.
Pelé.Net - Você já tem seis gols no Campeonato Brasileiro deste ano e os artilheiros são Dodô (Botafogo), Wagner (Cruzeiro), Cícero (Figueirense) e Souza (Goiás), todos com nove. Está nos seus planos ser novamente o maior goleador do Nacional?
Edmundo - É claro que eu gostaria de ser novamente o artilheiro do Brasileiro, mas isso não é minha maior preocupação. Brigo pela ponta neste quesito de maneira circunstancial. Fazer gols não é uma obrigação para o jogador que atua em minha posição, um pouco mais recuado. Nunca ganhei mais dinheiro pelos gols que fiz e nunca fui contratado para resolver os problemas de gol de uma equipe. Aprendi isso aos poucos, mas é claro que se bobearem e o Palmeiras continuar bem eu estarei lá.
Pelé.Net - Para finalizar, se você pudesse escolher, seria artilheiro novamente e bateria o recorde de gols do Brasileiro ou prefere conquistar pelo menos um título no Palmeiras antes de se aposentar?
Edmundo - Os títulos seriam mais gratificantes. Não tenho a meta de sair daqui com um número de gols impressionante. Legal mesmo seria me aposentar com uma conquista pelo Palmeiras, que é o clube que aprendi a amar. Sempre digo que no Vasco tive amor de mãe, que aquela que te cria. Aqui no Palmeiras sinto amor de esposa, que é aquela que você escolhe para viver a vida toda.
GOLEADORES DO NACIONAL
Posição Nome Gols
1º Roberto Dinamite 190
2º Romário 152
3º Zico 135
4º Edmundo 132
5º Túlio 129
6º Serginho 125
7º Dario 113
8º Evair 101
9º Reinaldo 93
10º Careca 92