No Qatar, em um campeonato recheado de brasileiros, o jogador que mais balançou a rede na última temporada não poderia deixar de ser brasuca. Em meio a compatriotas como Rodrigo Tabata, Afonso Alves, Diego Tardelli, Zé Roberto e Marcinho, quem brilhou foi Adriano, ex-Vasco e Internacional, ao marcar 18 gols em 19 jogos. Embora não tenha alcançado o sucesso jogando em sua terra natal, o atacante hoje acredita que é mais um jogador \"tipo exportação\" do futebol brasileiro.
Aposta do Al Jaish no começo da temporada, o paulista nunca havia jogado no chamado \"mundo árabe\". Antes, teve uma passagem pelo futebol japonês e garante: a devoção pelo futebol canarinho existe em todo o mundo.
- Não é só o povo árabe. Quando estava no Japão, todo mundo de lá também adorava os brasileiros. O Brasil é a referência no futebol hoje em dia e, quando você diz que é brasileiro, já tem outra recepção. Todo país produz alguma coisa e o Brasil produz jogador de futebol. Me orgulho por ser parte disso e por ter meu trabalho reconhecido. O futebol brasileiro tem muita qualidade. Por exemplo, todo mundo se orgulha de ver o Neymar jogar declarou Adriano, de férias no Brasil, ao GLOBOESPORTE.COM.
Traje típico em premiação
O atacante não deixou barato o carinho que recebeu no Qatar. Tanto que, na festa onde ganhou o troféu de artilheiro do campeonato nacional, se vestiu com os trajes típicos uma forma de homenagear o país que o abriga desde 2011.
saiba mais
- Eu me identifiquei muito com o povo árabe e eles tiveram um carinho grande comigo, de forma muito rápida. Por isso, eu busco sempre retribuir não só dentro de campo, mas também fora dele. Os estrangeiros não são obrigados a usar o traje, mas eu usei como uma forma de homenagem ao carinho que sempre recebi. Foi para demonstrar o quanto estou feliz no Qatar.
E o troféu recebido com trajes típicos agora é o novo xodó. Adriano trouxe o prêmio para o Brasil e cuida com carinho do objeto que representa sua consagração aos 30 anos de idade.
- É o reconhecimento do meu trabalho. O troféu é um símbolo, que ficará marcado para mim e para meu filho quando cresce. Muitos brasileiros já chegaram a esse reconhecimento, como o Araújo (atualmente no Náutico), e agora estou feliz que chegou a minha vez.
Mas o prêmio de artilheiro não foi o único reconhecimento que o atacante alcançou em sua estreia no Qatar. O Al Jaish, debutante na primeira divisão do país, alcançou o vice-campeonato e a vaga para a próxima Liga dos Campeões da Ásia. Por isso, Adriano se sente orgulhoso por ter feito parte de um elenco histórico para a equipe.
- Somos um time que ficou marcado na história do clube. A gente começou a liga naquela expectativa de vai descer, vai continuar e acabou conseguindo o vice-campeonato. Por isso, o sheik dono do clube disse que, independente do que acontecer daqui para frente, nós já estamos na história e ele tem gratidão por isso afirmou o brasileiro, que vê como pontos fortes do time a união do elenco e a presença de uma comissão técnica formada também por brasileiros.
Companhia brasuca
No comando do Al Jaish está Péricles Chamusca, ex-treinador de equipes como Botafogo, Vitória, Goiás, Sport e Avaí. Há, ainda, os outros brasileiros do elenco: o goleiro Neneca (ex-Santos), o zagueiro Anderson Martins (ex-Vasco) e os meias Wagner Ribeiro (ex-Ituano) e Diogo Sodré (ex-Cruzeiro) todos grandes amigos, garante Adriano.
- Minha relação é boa com todos no elenco. Sou um cara que chego feliz no treino, dando risada e eles gostam disso. Por isso, os torcedores também passaram a dar valor para mim fora do campo. Eles me vêem como um exemplo de profissional e fico feliz com isso disse o camisa 9, que mostrou-se grande fã de Chamusca.
- Eu não o conhecia, mas, desde que cheguei, ele me passou confiança. Ficava perguntando se eu estava me adaptando. Tem muito treinador que não dá essa liberdade de falar. Por isso, o considero mais que um treinador. É uma pessoa confiável, para quem eu sei que posso dizer qualquer coisa.
Com tantos compatriotas por perto, Adriano teve sua adaptação ao Qatar facilitada. Tanto que, mesmo depois de enfrentar 55° C na época mais quente do ano e passar por dificuldades por conta da língua, diz que já gosta de morar no país. Preferência que se deve à proximidade que ganhou com a família por conta da vida mais flexível que os jogadores têm por lá fato que chamou a atenção do atacante, que vê os atletas locais um pouco menos focados no esporte do que se acostumou a ver no resto do mundo.
- Já passei a gostar de morar lá, e minha família também. É um lugar onde você consegue conciliar a vida particular com a vida profissional. Lá se treina só em um período, então você tem mais tempo de ficar com a família. Meu time, por exemplo, concentra. Mas tem time que não concentra. Os árabes não são muito comprometidos com relação ao futebol. Para eles, é mais diversão. Não tem muito disso de se preservar antes dos jogos, essa seriedade que a gente tem. Tem muito brasileiro que treina até sozinho, para poder treinar em dois períodos. O comprometimento é totalmente diferente, até por alguns não precisarem da carreira para ganhar dinheiro avaliou.
Futuro é no Qatar
Mas para Adriano não falta motivação. Empolgado por ser o homem-gol do momento no país e com a chance de disputar a Liga dos Campeões da Ásia, o atacante nem pensa em outra possibilidade senão permanecer no país na próxima temporada.
- Tenho mais dois anos de contrato e não pretendo sair. E também acho que não vão me deixar sair. No momento, não penso em voltar para o Brasil e, se me derem uma proposta de renovação de contrato, eu renovo. Agora será uma temporada mais difícil, pois disputaremos a Liga dos Campeões da Ásia. E também vai ficar mais difícil para mim porque agora já sou mais conhecido. O pessoal vai me marcar de uma forma diferente. Por isso, preciso me preparar ainda melhor, também declarou o brasileiro, que acredita que chegou no auge de sua carreira.
Antes de viver este bom momento, Adriano teve passagens por grandes clubes brasileiros No Internacional, não ganhou muito espaço, mas conquistou títulos como a Copa Sul-Americana, em 2008. No Vasco, fez parte do elenco que jogou a Série B em 2009 e garante que foi mais feliz.
- No Inter penso que precisava de mais oportunidades mesmo. Já no Vasco eu tive mais chances, demonstrei meu futebol de uma forma melhor. E eu também entrei para a história ao participar do grupo que trouxe o clube de volta para a primeira divisão. Por isso tenho um carinho muito grande pelo Vasco e sempre que posso assisto aos jogos revelou.