“Desde juvenil, sempre conquistei títulos com o Vasco da Gama”
Nosso bate-papo de hoje é com Régis, ex-goleiro do Vasco entre os anos 80 e 90. No gigante da colina, conquistou, de forma marcante, o bicampeonato estadual, em 1987 e 1988, e o Campeonato Brasileiro de 1989. Natural de Itumbiara-GO, o atleta iniciou sua carreira nos juvenis do Vasco, em 1982. Em 86, passou pelo América, numa troca temporária pelo veterano Paulo Sérgio. Desde que entrou no time titular durante o Brasileiro, não saiu mais. Só pra ter idéia, naquele ano o rubro carioca alcançou um feito inesquecível ao cumprir sua melhor campanha na história da competição: o 4º lugar. Após esse triunfo, o goleiro regressou ao cruzmaltino, onde permaneceu até 1990.
Régis era uma das grandes promessas de sua geração. Tanto que chegou à Seleção Brasileira, em 1987, treinada por Carlos Alberto Silva. Pela amarelinha, disputou a Copa América. No Vasco, tinha a concorrência, sadia por sinal, com o goleiro Acácio, a quem não cansa de elogiar. A fim de mostrar todo seu potencial, entre 91 e 92 optou por defender as cores do Sporting de Braga (PORT).
Mas o Vasco ainda faria parte de sua história. Tanto que em 92, com a saída de Acácio, negociado para o futebol português, Régis teve a sua maior chance na carreira. Foi titular, na maior parte dos jogos, da bela campanha do time treinado por Nelsinho Rosa e que, infelizmente, acabou ocupando o 3º Lugar na classificação final, mesmo tendo sido a equipe a fazer mais pontos no total. Após esse período, o goleiro deixou o clube defintivamente. Foi fazer história em 1993, no Paraná Clube, onde permaneceu por longo tempo. Lá, se consagrou como um exímio defensor de pênaltis.
Consegui localizar o ex-goleiro, de 55 anos, que atualmente trabalha no ramo da construção civil, no Rio de Janeiro. Nesse papo, Régis fala de sua época no Vasco, dos títulos e opina sobre o nível dos goleiros atuais e principalmente de Fernando Miguel, atual arqueiro do gigante da colina.
Confira!
Marcus Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 25/08/2020
No Vasco, você conquistou dois Estaduais e o Brasileiro de 89. Fale um pouco dessa sua passagem pelo clube e a importância para a sua carreira?
Régis: Eu estava no Estadual de 87, 88 também participei do segundo semestre e estava no título do Brasileiro de 89, onde eu tive 11 participações. Também tive 3 conquistas. Troféu Ramón de Carranza, Copa Ouro lá nos Estados Unidos...Enfim, foram muitos títulos com o Vasco. Desde juvenil, sempre conquistei títulos com o Vasco da Gama.
Você esteve muito tempo no Vasco e era o reserva imediato do Acácio. Em 92, finalmente teve a chance de assumir a titularidade no Brasileirão, porém depois acabou saindo do clube. Como foi pra você conviver com essa espera por uma oportunidade? Acha que isso te prejudicou?
Régis: Esperei bastante. O Vasco tinha um goleiro muito bom que era o Acácio. Realmente era um goleiro de seleção brasileira, de alto nível, que sempre tive esse respeito muito grande por ele. Tinha um potencial muito grande. Dos goleiros que eu vi jogar no Vasco da Gama, foi o goleiro de melhor potencial, que eu entendo assim. Eu voltei a jogar em 92, retornei de Portugal, e fizemos um bom Campeonato Brasileiro até a fase de grupos na semifinal. Eu acho que nós não fomos felizes em uns 2 ou 3 jogos e isso comprometeu a classificação do Vasco pra final. Mas o Vasco estava com um grande elenco. Foi uma pena muito grande mesmo aquela não conquista de 92.
Recentemente entrevistei o Geovani e ele me revelou que fazia apostas com você nos treinamentos de pênalti. Pode nos falar um pouco sobre esse momento?
Régis: Me lembro também de treinar com o Geovani. Treinar cobranças de pênaltis. Era uma situação bem interessante, porque ele cobrava muito bem. A gente sempre brincava nos treinamentos, a gente fazia apostas e eu sempre estava pegando uns pênaltis dele também! Foi um momento muito interessante.
Hoje você está afastado do futebol, mas deve acompanhar alguns jogos. Como você vê o nível dos goleiros atuais?
Régis: Acho que evoluiu bastante. Com a chegada da informação, eles puderam evoluir muito. Métodos de treinamento, material esportivo...tudo evoluiu. Evoluiu também a velocidade e fez com que a técnica, de repente, não tivesse acompanhado. Eu vejo hoje que a bola não tem o mesmo peso de antigamente e isso dificulta um pouco os goleiros de hoje. A gente vê os goleiros soltando muito a bola, rebatendo. Antigamente, a gente segurava mais ou fazia uma defesa de dois tempos. Acho que o Brasil está muito bem representado.
E em relação ao Fernando Miguel, acha que o Vasco está bem servido com ele?
Régis: Eu acho que adquiriu a confiança de todos. É um goleiro seguro, tem saído bem do gol, tem jogado bem com os pés e debaixo do gol é muito bom. Acho que o Vasco está muito bem servido com o Fernando Miguel. Um goleiro a nível de Seleção Brasileira. Acho que ele vai conquistando isso aí no dia a dia, campeonato a campeonato e desejo toda felicidade do mundo pra ele.