Felipe está com saudade do Brasil, sentindo falta do calor dos torcedores, e principalmente de ter uma oportunidade na seleção brasileira, que briga nas eliminatórias por uma vaga na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Esses são os principais motivos para o meia, atualmente no Al Sadd, do Qatar, sonhar com um retorno ao país. E o destino do "artista", como ele é conhecido no mundo árabe, seria para a sua casa, o clube onde foi revelado: o Vasco da Gama.
Adaptado ao Qatar, que considera um país tranqüilo e de fácil locomoção, Felipe vai dar um telefonema para os xeques do Al Sadd na próxima semana para tentar agendar uma reunião. Em um papo, por telefone, com o GLOBOESPORTE.COM, o meia, que tem contrato no clube árabe até fevereiro de 2009, afirmou achar difícil a sua liberação, mas acredita em suas justificativas para deixar o Qatar e acertar com o Vasco até meados de julho.
GLOBOESPORTE.COM: Qual é a sua vontade de realmente voltar ao Brasil nesse momento?
FELIPE: Vou deixar bem clara a minha situação. Vou tentar amigavelmente que eles me liberem no Qatar. Não vou mentir para ninguém, vou ser bem transparente, como eu sempre fui. Estou bem adaptado ao Qatar, já que eu fui para lá ajudar o crescimento do futebol. É uma vida segura, sem violência, boa para criar um filho. Mas a gente sente saudade do nosso país, da nossa família, do estádio lotado, dos torcedores gritando o seu nome. Além disso, ainda existe a possibilidade de volta para a seleção porque joguei com o Jorginho e ele me conhece muito bem.
E quais são os prós e contras de atuar no mundo árabe?
Olha, você passa mais tempo com a família, lá você não viaja de avião. O jogo que você faz mais longe fica a 15 minutos da sede do clube. A gente vai para o hotel na véspera do jogo, não tem concentração. É um tempo que você passa com a sua família. Sem dúvida é um bom tempo para você passar com a sua família. Mas tem os seus contras. A minha esposa sempre trabalhou, sempre teve o trabalho dela no Brasil. Ela é advogada e, não diz, mas sente falta de exercer a sua profissão. Ele gostaria de voltar ao Brasil para trabalhar e esse também é um dos motivos para que eu pense em voltar. Além disso, estou com saudade do Brasil, da família. Junta a sede com a vontade de beber.
E quando vai ser a reunião com o dirigentes do Al Sadd?
Quero voltar ao Brasil, mas estou tranqüilo. Se eu tiver que voltar ao Qatar para cumprir o contrato, sem problema. Brigar para sair, eu não vou. Tenho contato com o xeque, saímos para jantar e vou tentar conversa com ele. Faltam dois anos para a Copa do Mundo e minha idéia é ficar dois anos no Brasil e voltar para lá, se eles me quiserem ainda (risos). Vou ligar para os dirigentes para tentar agendar uma reunião, mas nessa época do ano é complicado.Lá é muito quente e todos viajam para a Europa. Está difícil de achar alguém no clube. Como eles sempre foram muito transparentes comigo, vou viajar com o meu representante para resolver isso pessoalmente. Ainda tenho um tempinho para resolver isso porque só vou poder jogar em agosto.
Você acha que vai conseguir a liberação? O que você sente?
Difícil é, mas sempre fui muito transparente com o xeque e posso expor os meus pensamentos. Quero expor essa situação de querer voltar a jogar pela seleção. Vamos esperar para ver o que vai acontecer.
Conseguindo a liberação, o seu destino vai ser mesmo o Vasco?
Existem algumas especulações, mas o que eu tenho de concreto é uma conversa muito boa com o Vasco. O meu empresário conversou com a diretoria e nós gostamos dessa conversa. Se eu conseguir a liberação, a tendência é o Vasco. Tem outros times, mas de concreto só o Vasco mesmo.
No Qatar, você tem mostrado uma nova qualidade. Você tem feito muitos gols de falta. É uma mudança no estilo do Felipe?
A realidade lá é outra. No Brasil, eu passei por vários clubes e sempre existiam grandes cobradores. No Vasco, o Juninho Pernambucano, o Ramon e o Pedrinho eram excelentes cobradores e marcavam os gols. Eles eram melhores do que eu. Não vou fazer uma coisa no meu time se existe uma pessoa que faz melhor do que eu. No Qatar, fui treinando e dei sorte. Bom, não sei se os goleiros são mais fracos e eu tenho feito os gols ou se não passa de sorte (risos).
Você é chamado de mágico e artista no Qatar, tem até uma bandeira com o seu nome. Como é o assédio dos torcedores no mundo árabe?
Os estádios não ficam muito lotados. Cerca de 300 torcedores vão os jogos. No início, no meu primeiro ano, não tinha muito contato com os torcedores. Depois de um ano, tudo mudou. As pessoas me param nas ruas, como no Brasil, pedem autógrafos, tiram fotos. É até engraçado. As mulheres de preto, os homens de branco. Quando as mulheres pedem para tirar fotos, a gente fica até acanhado. A religião aqui é muito forte. Sobre a bandeira, existem duas. Depois que fiz um gol, os torcedores apareceram com uma dizendo: Felipe, o artista. Os torcedores são diferentes. Outro dia conversei com um chefe de torcida vestido de branco, com aquela roupa árabe.
E como é a vida no Qatar?
É uma vida boa para curtir a família. Tem uma comunidade grande de brasileiros, todos moram perto. Se eu falar que vou na sua casa, chego ao seu encontro em 15 minutos. É tudo muito perto. O Qatar é pequeno. Para você entender, o Qatar é do tamanho de Jacarepaguá, Barra, Recreio e São Conrado juntos. Mas vou tentar a liberação de forma amigável.