Habilidosos e adorados como ídolos no Brasil e no exterior, em especial na Espanha, eles teriam tudo para se sentir totalmente recompensados, se não faltasse o principal: o título mundial de futsal pela seleção brasileira. É a lacuna que a chamada Geração Falcão tentará preencher na Copa do Mundo, que começará terça-feira e irá até 19 de outubro, no Rio (Maracanãzinho) e em Brasília (Ginásio Nilson Nelson).
Com média de idade de 26 anos, experiência também não falta à seleção brasileira, que vai estrear terçafeira, às 10h30m, em Brasília, contra o Japão. A equipe tenta concretizar o sonho do título mundial, o que não consegue desde 1996.
Em 2000 e 2004, as Copas disputadas por jogadores do grupo atual, a seleção verde e amarela se curvou diante da Fúria espanhola, bicampeã. O Brasil continua recordista de títulos com cinco: 1982 e 1985, pela extinta Fifusa; e 1989, 1992 e 1996, estes três pela Fifa.
— É a última chance de uma geração muito legal, que joga um futsal bonito, mas que não ganhou o mais importante título — reconhece o astro Falcão, de 31 anos.
Outro representante desta geração é o beque Schumacher, de 33 anos, que há sete atua no Interviú Movistar, da Espanha.
— É meu último ano na seleção. Precisamos fechar com chave de ouro. Temos perdido para a Espanha, e lá, eles me gozam. Já está engasgado — admite o jogador, vicecampeão mundial em 2000 e terceiro colocado em 2004.
Flávio Sérgio Viana, o Schumacher, ganhou o apelido por causa do goleiro alemão na Copa do Mundo (futebol) de 1982. Ele compara o grupo atual aos de 2000 e 2004: — Agora, a organização da seleção está melhor, com psicóloga e nutricionista. O técnico PC de Oliveira está trabalhando com o grupo há três anos, o que facilita. Estamos no caminho certo. Antes, a seleção se limitava a reunir jogadores.
Versátil, o craque, que joga até no gol, considera a Fúria favorita, por contar com o goleiro Luis Amado e com os brasileiros Marcelo, Fernando e Daniel.
— A Espanha mantém uma base há oito anos e joga pelos resultados. Não pensa em golear. Faz 1 a 0, se fecha lá atrás e não tem vergonha de manter isso até o fim — analisa.
Mesmo com cidadania espanhola, Schumacher explica que jamais vestiria a camisa vermelha, e não só por já ter jogado Copas pelo Brasil: — Seria uma falta de respeito ao nosso país. A Itália tem 14 brasileiros, e é um absurdo.
Críticas à parte e, principalmente pelo nível dos brasileiros da Itália, ele inclui a Azzurra entre as forças.
— Vai ser a Copa mais equilibrada, com Brasil, Espanha, Rússia, Argentina, Portugal e Itália — diz. — Muitas seleções evoluíram. É um erro pensar que vamos golear qualquer um. Como no futebol, não há mais bobo no futsal. Há um mês, a Espanha ganhou do Irã num amistoso, por 2 a 1. Recentemente, empatamos com o Egito (2 a 2), em Uberlândia, e o público nos vaiou, por não conhecer essa realidade. Vamos ter muita pressão em casa.
Schumacher crê que o futsal está longe de se tornar olímpico: — Ainda há seleções não-profissionais, como Cuba e Guatemala.
Casado com a carioca Fernanda, Schumacher tem saudades de 2000 e 2001, quando jogou no Rio:
— Fui campeão de tudo pelo Vasco: Liga Futsal, Estadual, Metropolitano... Paulista, cheguei desconfiado, mas fui bem recebido pra caramba. Tenho saudades. Quem sabe não encerro a carreira aí?
O treinador brasileiro, PC de Oliveira, vê a competição como a mais importante do futsal no país: — As condições dos ginásios são as melhores possíveis e ganhar este título no nosso país será o momento mais importante da minha vida.