RIO - A cruz vermelha no peito dos jogadores era o sinal que Gaúcho esperava. Em sua estreia como treinador do Vasco contra o Fluminense, a terceira camisa do time virou armadura para a cruzada pessoal do interino que almeja ser efetivado. Ele pediu proteção e venceu o clássico e a partida de volta contra o ASA-AL, pela Copa do Brasil. Religioso, só aceita abrir mão da tradição do clube, que costumava fechar as portas na Sexta-Feira da Paixão, em nome da classificação para as semifinais da Taça Rio, que poderá vir no domingo, contra o Duque de Caxias. A vitória seria a terceira seguida, algo que não acontece há quase trinta dias.
- Será a Semana Santa do Vasco, se conseguirmos vencer a terceira seguida em sete dias e nos classificarmos para a semifinal - disse Gaúcho.
As três derrotas seguidas antes do clássico derrubaram o técnico Vagner Mancini e reduziram as esperanças da torcida. O Vasco não mais dependia de suas próprias forças para ir à semifinal. Só um milagre salvaria o time na Taça Rio. Gaúcho agradece a ajuda divina, mas credita ao trabalho feito em curto espaço de tempo a retomada do time na competição. Hoje, os jogadores irão a São Januário, trocarão de roupa e deixarão seus carros no estádio antes de seguirem para o treino na Marinha de ônibus. Em 2009, o time treinou no Vasco Barra.
- Eu sou muito religioso. Sempre rezo e me agarro a São Jorge. Mas temos um jogo decisivo no domingo e não podemos fechar as portas. É um feriado importante que precisa e vai ser respeitado. Mas estamos indo trabalhar. É um compromisso que assumimos. Não vamos a passeio. É trabalho - explicou o treinador.
Em suas orações, Gaúcho pede a classificação e a permanência no cargo. Em meio a especulações, o interino não liga para os boatos de que seus dias estão contados e evita cometer o pecado da vaidade. Reconhece que não venceu nada sozinho e que, cada vez mais, depende dos jogadores para seguir no comando do time. O mais importante deles, no momento, é Carlos Alberto. Ele foi decisivo no clássico, voltou a sentir dores, foi poupado contra o ASA e na quinta-feira fez musculação, o que já estava previsto na programação.
- Vou conversar com ele e fazer uma avaliação no treino - disse Gaúcho.
Foi na base da conversa que Gaúcho conseguiu motivar um time desacreditado. É assim que forma jogadores e faz amigos nos juniores. Com Philippe Coutinho, não foi diferente.
- O Gaúcho já ganhou o grupo - declarou Coutinho.