A escolha do argentino Germán Cano pelo Vasco se entreleça ao antigo desejo do atacante de vestir a camisa da seleção colombiana. A equação envolvendo Brasil, Argentina e Colômbia pode não fazer sentido à primeira vista, mas a história do maior artilheiro do Independiente Medellín, com mais de 100 gols, desvela o resultado.
Desde que saiu da Argentina, em 2011 (começou no Lanús seis anos antes), com 23 anos, nunca mais retornou ao país natal. Rodou pelo Paraguai e pelo México, mas virou ídolo de fato na Colômbia. Ao todo, foram seis temporadas no país, cinco delas com a camisa do Medellín e uma pelo Deportivo Pereira. Mas ao fim do ano não renovou seu contrato com o clube e assinou com o Vasco.
Na última, por exemplo, foi um dos maiores artilheiros da temporada do futebol mundial considerando apenas torneios de primeira divisão e jogos pelas seleções. À frente, inclusive, de Cristiano Ronaldo que listou em 11º lugar (39 gols). Cano foi o sétimo, segundo as estatísticas do espanhol "Mister Chip". Foram 41 gols em 47 partidas e o título da Copa da Colômbia, que valeu vaga na pré-Libertadores.
A sintonia com a cidade e clube, que é definida por ele como "seu lugar no mundo", e o filho Lorenzo nascido na Colômbia estreitaram os laços de Cano com o país. Hoje em dia ele se mostra dividido nas disputas futebolísticas envolvendo seu país de origem e o de coração. Há um ano, ele deu entrada na papelada para se tornar residente e, em seguida, se naturalizar colombiano. Assim, poderia ser convocado para a seleção de Carlos Queiroz.
-Seria um sonho que meu filho me veja com a camisa da Colômbia. Seria lindo! Em outro momento não esperava isso. Mas hoje me permito sonhar - disse o atacante em entrevista ao site MSN, ano passado, que completará 32 anos no próximo mês.
Recordista de gols numa edição do Colombinano, com 21, Cano conta com o apoio de nomes de peso da seleção colombiana. Os amigos Quintero e James Rodriguez avalizaram a decisão do argentino, que só foi convocado pelo país natal.
Como o Vasco entra nessa conta? É simples. Apesar da paixão pelo Medellín e o desejo de disputar a Libertadores, o atacante reconhece que o futebol colombiano não está no mesmo patamar ao do brasileiro. Nem do argentino, de onde saiu jovem e não logrou muito sucesso.
- Aqui não se joga com tanta intensidade como na Argentina e no Brasil. Está um escala mais abaixo, mas é bom: tem jogadores de muita qualidade. É um futebol difícil, mas um pouco mais lento. Argentina e Brasil tem jogadores de mais hierarquia. Além disso, quando aparace um grande jogador na Colômbia, é levado para o exterior - analisou o jogador na entrevista ao site MSN.
No Vasco, Germán Cano enfrentará campeonatos mais disputados que colocarão à prova seu faro de gol. Na Colômbia, foi cinco vezes artilheiro da competição e detém o recorde de 21 gols numa mesma edição. No Brasil, um desempenho à altura, deixaria o argentino mais perto de ser um jogador da seleção colombiana.