O Vasco tem, mais ou menos desde novembro do ano passado, um grupo que procura se reunir uma vez por semana para discutir a lei da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e de que maneira o clube pode tirar o melhor proveito dela. Entre economistas, advogados e até um engenheiro mecânico, participam membros da diretoria administrativa, do Conselho e de grupos políticos alinhados à situação do Vasco.
Com o título "Grupo Vasco SAF / acompanhamento" no WhatsApp, eles têm como propósito estudar tudo que diz respeito à SAF e são coordenados por Roberto Duque Estrada, Segundo Vice-presidente Geral do clube. No momento, eles estão empenhados em discutir os detalhes do estatuto da futura empresa vascaína.
Foram convidados atores políticos de todos os sub-grupos (Petrovasco, Desenvolve, Confraria...) que compõem a Mais Vasco, base aliada da gestão do presidente Jorge Salgado.
- Lá atrás, quando apareceu a lei da SAF, a gente começou a se interessar e estudar isso junto com diversos grupos que tem no Conselho do Vasco. A gente queria entender o que era a SAF, como funcionava, marcamos um Zoom (reunião por vídeo), fomos explicando - explicou Duque Estrada ao ge.
"Cada grupo tem pessoas com aptidão no assunto, um é advogado, o outro engenheiro, trabalha na Vale, na Eletrobras. Tem experiência em negócios. Eles foram vocalizando, com os porta-vozes, e isso acabou evoluindo", acrescentou.
Além de Roberto Duque Estrada e Carlos Roberto Osório, que é o Primeiro VP Geral, e de Julio Brant, uma das principais lideranças políticas do clube e oposição à atual administração, participam do grupo:
Embora não tenha o status de um grupo oficial, a avaliação interna é de que eles vêm tendo papel importante no processo de constituição da SAF. Em fevereiro, o consultor do negócio com a 777 Partners, que foi o mesmo que conduziu as conversas entre Botafogo e John Textor, elogiou bastante o projeto vascaíno: "Nos surpreendeu o quão bem desenhado estava", disse na ocasião.
Foi dado ao grupo, por exemplo, o acesso praticamente integral ao memorando de entendimento assinado com o grupo americano, incluindo detalhes protegidos sob cláusula de confidencialidade.
Conselho pretende aproveitar conhecimento
Na reunião do Conselho Deliberativo no dia 24 de março, que serviu para aprovar a inclusão no Estatuto da possibilidade de constituição de uma SAF, Carlos Fonseca, presidente do CD, anunciou a formação de uma comissão para avaliar a proposta final da 777 Partners. E que essa comissão será provavelmente formada em sua maioria pelos membros do grupo coordenado por Duque Estrada.
- Eles roeram o osso lá atrás, quando não tinha nada, nada mais justo do que aproveitar o conhecimento deles agora para opinarem sobre a proposta que vai chegar - afirmou Carlos Fonseca ao ge.
Essa comissão oficial, no entanto, só será montada com a chegada da oferta final da 777, que por sua vez deve acontecer depois da reunião da Assembleia Geral marcada para o próximo dia 30. Carlos Fonseca será o responsável por definir os membros.
O assunto já até rendeu discussão nos bastidores políticos do Vasco nos últimos dias. Uma turma de conselheiros independentes solicitou ao presidente do CD e a Roberto Duque Estrada a inclusão de Rafael França de Pina. A resposta foi de que a comissão oficial ainda não existe; e que o grupo informal é formado apenas por membros da situação, não havendo motivo para incluir quem se declara independente.
Essa comissão oficial terá como função analisar a proposta da 777 Partners e emitir um parecer, favorável ou não, aos conselheiros, que levarão em conta a opinião do grupo para votar na reunião do CD a aprovação da oferta.