Depois de muita tempestade, a bonança de Henrique veio na praia da Barra, ao lado da noiva Karol, sob o sol da tarde de outono, com a sensação de ter cumprido uma etapa na carreira. O lateral-esquerdo de 21 anos jogou a primeira decisão como profissional no domingo.
Revelado em 2013, Henrique enfrentou uma série de lesões que o impediram de deslanchar antes. Recuperado, não se satisfaz com o título da Taça Guanabara sobre o Fluminense e sonha com as semifinais do Estadual, agora, contra o Flamengo.
Desde 2004 em São Januário, o jovem sabe bem o que representa o Clássico dos Milhões. O mais especial que guarda na memória ocorreu quando ainda era do time infantil: o Vasco venceu o Rubro-negro por 4 a 0 e ele fechou a goleada. Na época, ainda atuava como meia. Mais recuado, atualmente, está à procura do primeiro gol como profissional. No cenário perfeito, o jejum acabará no fim de semana.
- Seria alegria total. Nós, vascaínos, sabemos da importância que tem o jogo - explica: - Tudo na semana do clássico é diferente. O gol seria a benção de Deus.
Titular nas últimas três partidas, tem aproveitado a lacuna aberta com a lesão de Júlio César. Do veterano lateral, ganha ensinamentos preciosos para continuar a crescer.
A vida também é professora de Henrique. Após boa sequência em 2013, sofreu várias lesões musculares. O ostracismo no departamento médico forjou seu amadurecimento.
- Tem coisas que acontecem para nos melhorar. Acho que sou muito mais profissional agora - ressalta: - Tive muita força da minha família, da minha namorada.
O apoio mais especial vem do avô, seu Ivan. Era ele quem o levava de Olaria, no subúrbio do Rio, para os treinos em São Januário, quando ainda era um menino. Com carinho, Henrique descreve o avó como seu maior fã. É torcedor do Fluminense, mas não liga para o fato de seu neto ter três vitórias em três partidas contra o Tricolor como profissional.
- Ele está muito feliz, me disseram que ele se emocionou com o nosso título da Taça Guanabara - revela.
Contrato com o Vasco termina em setembro
Confiante, Henrique surfa na onda da boa fase e garante: deseja seguir titular, mesmo depois da volta de Júlio César. Comparado a Felipe nas categorias de base, o lateral-esquerdo agora vê o futuro azul da cor do mar.
Poucos jogadores do elenco do Vasco possuem contrato para encerrar antes de dezembro. Mas Henrique é um deles e seu compromisso vai até 10 de setembro deste ano. Raramente aproveitado entre 2013 e 2015 - disputou apenas 19 partidas no período -, o lateral-esquerdo corre atrás do prejuízo e espera permanecer em São Januário. Para ele ainda falta muito a realizar com a camisa da Cruz de Malta.
- Fui criado no clube, ficava às vezes das 7h às 20h em São Januário, treinando e estudando. Me sinto em casa lá e é bom estar em um lugar assim. Espero disputar muitos clássicos ainda pelo Vasco - afirma o jogador.
Seu representante é Rodrigo Pitta, que também possui outro jogador no Vasco com o contrato perto do fim: o zagueiro Rafael Vaz.
A tendência é que seu desempenho neste ano faça a diferença para ser definida sua permanência ou não no clube. Enquanto Júlio César seguir fora por lesão, é a chance de o garoto brilhar.