31 minutos do segundo tempo. Jean recebe na intermediária. Ergue os olhos. E faz o que Cuca tanto pede. Levanta a bola na área. Ela encontra Guerra. Rafael Marques e Breno se olham. Estão longe da jogada. Gilberto chega atrasado. O melhor meia da Libertadores da América de 2016, cabeceia forte. Longe do ótimo goleiro uruguaio Martín Silva. Indefensável. Palmeiras 1 a 0.
41 minutos. Nenê cobra escanteio. Jean cabeceia. A bola desvia no ombro de Deyverson. Ela encobre Fernando Prass. O Jean palmeirense só olha. Enquanto Manga Escobar empurra a bola para as redes. 1 a 1.
Foi o que melhor aconteceu no péssimo jogo em Volta Redonda. Vasco e Palmeiras fizeram uma partida horrível. Duas equipes sem o menor potencial ofensivo. Facilmente dominado pelo sistema defensivo adversário. Pelo péssimo gramado. Resultado pior para o time de Cuca. Que pelo péssimo futebol mostra que ainda vive o trauma da eliminação precoce da Libertadores.
O resultado frustrou os dois lados. O Palmeiras chegou a 33 pontos, na quarta colocação. O Vasco, 25, na 12ª colocação.
Na coletiva após a partida, Cuca era a imagem da frustração. Desânimo. O reflexo do time. Ele e seus atletas sabem que desperdiçaram dois pontos contra um dos adversários mais fracos do Brasileiro.
"Não conseguimos segurar em um lance de bola parada e perdemos dois pontos. Time que jogou na quarta na intensidade que vocês viram, teve pouco tempo para trabalhar, veio e jogou uma partida razoavelmente boa. Poderia ter vencido.
"Jogo difícil, pegado, o Vasco é um adversário que joga com força e velocidade. Poderíamos ter vencido. Vamos melhorar, a dor da Libertadores vai diminuindo e vamos melhorando aos poucos.
"Claro, não tenha dúvida, a eliminação ainda dói. Os jogadores estão dando o máximo, é o que a gente cobra deles. Tem dia que não dá certo, aí tem de aguentar e é o que estamos fazendo. Vamos classificar para a Libertadores, que é o que nos resta..."
Ficou claro como será difícil Cuca cumprir sua nova promessa. A que o Palmeiras ganhará o segundo turno do Brasileiro. E chegará sem problemas na Libertadores de 2018. O futebol dos palmeirenses foi fraquíssimo.
"A gente sabe que a gente deixou a desejar na largada do Brasileiro. Sabemos que quando um time se distancia no primeiro turno, é forte candidato ao título. Ainda tem muitos jogos pela frente, sabemos que o título é difícil, mas não vamos abandonar. Nosso objetivo é o G4", dizia Roger Guedes, certo de que seu milionário time terminará 2017 sem título algum.
Não é fácil para um grupo perceber que seus objetivos foram frustados no ano. Ainda mais quando o mundo está ainda em agosto. O planejamento da bilionária Crefisa e da ambiciosa direção palmeirense era ganhar a Libertadores da América em 2017. Por isso foi investido R$ 115 milhões em contratações. Cuca, campeão brasileiro, foi resgatado, buscando consertar o primário erro de contratar Eduardo Baptista.
[2sitepalmeiras Palmeiras e Vasco. 1 a 1. Um dos piores jogos de 2017. Cuca mostra que sua promessa de ganhar o segundo turno do Brasileiro será difícil cumprir. O time ainda está traumatizado pela frustração da Libertadores...]
Só que o técnico não gostou do elenco que encontrou. Caiu a máscara usada por dirigentes e executivos de futebol da Água Branca. Não foi Cuca quem passou a lista de reforços para este ano. Sem a menor compatibilidade com jogadores caríssimos como Felipe Melo e Borja, pressionado pela diretoria, imprensa e torcida, Cuca se perdeu. E depois do fracasso no Campeonato Paulista, na Copa do Brasil, só sobrou o Brasileiro.
Mas que o próprio técnico já avisou ao executivo Alexandre Mattos que será impossível alcançar o Corinthians. A distância de 13 pontos, antes do jogo contra o Vasco, não seria derrubada. Ou seja, nada de títulos este ano.
Os dois decidiram afirmar para a diretoria, para a imprensa e aos torcedores que o time 'ganharia' o segundo turno. Seria uma compensação moral da frustração que está sendo este ano. As palavras foram escolhidas com todo o cuidado. Vencer o segundo turno do Brasileiro. Não o campeonato. O alvo deixou de ser vencer a Libertadores e o Mundial nos Emirados Árabes. E se tornou chegar em segundo, terceiro ou quarto do torneio nacional.
Triste.
Só que Mattos avisou a Cuca para aproveitar estas 19 partidas restantes. E já ir fazendo uma 'peneira'. Escolher com calma quem ele quer que siga em 2018. Seu contrato, com multa, vai até dezembro do próximo ano. A meta é conseguir tudo o que foi desperdiçado nesta temporada.
O Palmeiras entrou em Volta Redonda sem Mina. O zagueiro ficará três meses fora por ter quebrado o quinto metatarso, um dos ossos do dedinho do pé esquerdo. Dudu sofreu uma lesão muscular na coxa esquerda contra o Barcelona. E ficará entre um mês e 40 dias fora. Cuca resolveu não escalar Egídio contra o Vasco. O jogador está marcado pela torcida. E muito abatido por ter desperdiçado o pênalti que tirou o Palmeiras da Libertadores. A expectativa é que chegue o final do ano e seja negociado.
Felipe Melo segue afastado. A diretoria tenta a rescisão amigável. Mas o jogador sabe que tem um excelente contrato. E deseja uma ótima compensação financeira. Ou ir para o Flamengo, com o clube carioca pagando parte do seu salário. O certo é que Cuca já avisou Mattos que não o quer, de jeito algum. Borja só não sai pelo mesmo motivo. O treinador não acredita nele. O atleta quer sair. Só que não há interessados. A Crefisa comprometeu R$ 35 milhões com sua contratação.
Cuca o colocou em campo hoje nos últimos dois minutos da prorrogação. Atitude lastimável. Desrespeito total ao atleta. Borja foi digno. Entrou, não tocou na bola. E saiu sem criar problemas. Fosse um atleta com o gênio de Edmundo...
[3sitepalmeiras Palmeiras e Vasco. 1 a 1. Um dos piores jogos de 2017. Cuca mostra que sua promessa de ganhar o segundo turno do Brasileiro será difícil cumprir. O time ainda está traumatizado pela frustração da Libertadores...]
O Palmeiras que entrou em campo, parecia um arremedo de equipe. Atletas desmotivados, desconcentrados. Abatidos. Com Cuca outra vez desprezado o talento de Guerra como meia. Seu time atuou do início ao final da partida com bolas esticadas para o ataque, levantamentos de qualquer maneira para a área. Sem coordenação. Triangulações pelas laterais. Infiltrações.
Tudo isso diante de um dos piores times do Vasco na Série A. Milton Mendes apela para a compactação, correria e força, já que não há talento. E jogadores desgastados, nitidamente que já deram sua melhor contribuição para o futebol. Como Luís Fabiano, Nenê, Wagner, Breno, Rafael Marques. O que impacta, traz respeito ainda é a tradição. A camisa com a cruz de Malta.
Os pobres torcedores que foram ao estádio Raulino de Oliveira acompanharam uma partida péssima. Fraquíssima. Sem lances empolgantes, pelo contrário. Desanimadores. Inúmeros erros de passe. Cruzamentos, correria, falta de talento. E desânimo.
No final, o justo empate.
Vasco e Palmeiras encaram o restante do Brasileiro sem entusiasmo. Como obrigação. O time carioca de não voltar para a Segunda Divisão. E o paulista se classificar para a Libertadores e fazer sua peneira.
Tristes destinos para dois clubes importantíssimos.
Pagam pela própria incompetência...