Wilson Seneme, ao lado de Pericles Bassols e Giuliano Bozzano, todos membros da Comissão de Arbitragem da CBF, vieram à público nesta semana explicar o gol anulado do Vasco contra o Palmeiras.
Um dos argumentos para justificar a decisão foi de que Richard Rios, do Palmeiras, agiu sob pressão ao afastar a bola no lance que antecedeu a finalização e o gol vascaíno. É algo que consta no protocolo do VAR como um dos elementos para a análise do lance.
Para os comentaristas de arbitragem, no entanto, foi unânime que não foi isso que aconteceu no Allianz Parque, pois o jogador alviverde tinha espaço, tempo, controle do corpo e nenhum adversário próximo, embora estivesse na própria área – como citado pelos profissionais da CBF. Era algo, por tanto, que ia contra o protocolo, a decisão cabe ao árbitro de campo.
Na Alemanha, um lance nesta sexta-feira (1) também contrariou os argumentos usados por Seneme e seus comandado ao exigir a análise se se tratava de um novo lance ou ainda o mesmo para a arbitragem considerar ou não impedimento (veja acima).
No duelo entre Borussia Dortmund e Heidenheim, o gol de empate do time visitante saiu em um pênalti no qual o jogador atingido na área estava em posição de impedimento no primeiro momento.
A diferença desse lance para o de Palmeiras x Vasco começa no VAR, que segue o protocolo ao sugerir revisão ao árbitro, pois a decisão final é do campo.
A jogada alemã é mais complicada, mais ajustada do que a brasileira, pois o jogador que está em posição de impedimento sofre a penalidade – ele se aproveitou de um domínio errado do jogador do Dortmund para tomar a frente antes de ser derrubado.
A arbitragem, contudo, considerou que o defensor teve tempo, espaço, controle do corpo para dominar e jogar a bola e não houve pressão para isso. Tratava-se, assim, de uma nova jogada; portanto, pênalti ao invés de impedimento.
Em Palmeiras x Vasco, Richard Rios em nenhum momento sofre pressão dos adversários. Para fazer essas análises, é necessário conhecer e entender, além de regras e protocolo do VAR, de futebol.
Ao compararmos os lances do Brasil e da Alemanha, fica claro que Seneme com a sua comissão interpretou novamente um lance de forma equivocada e defendeu algo indefensável, dois erros seguidos dos seus árbitros - o primeiro a não marcação de impedimento no campo constatado pelo VAR e depois quando “rasgaram” o protocolo e, na verdade, não o cumpriram no jogo.
A Comissão de Arbitragem da CBF deixa claro com suas análises o motivo de uma arbitragem atualmente ruim. Como sempre digo, o produto final fica ruim. E, mais especificamente sobre a arbitragem em campo e no VAR, é resultado de um processo ruim feito por quem a comanda.