Em um momento crucial da temporada, a política voltou à pauta no Vasco. Enquanto diretoria e elenco se mostram focados na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, uma campanha de boicote foi formulada por parte da torcida e, novamente, os cruz-maltinos se viram divididos.
O movimento é encabeçado por correligionários da chapa "Somamos", que teve Leven Siano como candidato à presidência. Intitulada "sócio zero", a ação visa, além da dissociação, promover a queda também de seguidores nas redes sociais e de inscritos na VascoTV, e diminuição na compra de produtos oficiais.
Procurado, Leven garantiu que não incentiva "nada que seja prejudicial ao clube" e afirmou se tratar de uma "campanha espontânea". O ex-candidato, por outro lado, disse entender e respeitar "a dor da torcida e seu protesto".
"Não incentivo nada que seja prejudicial ao clube, mas entendo perfeitamente que o torcedor do Vasco esteja, na verdade, amadurecendo politicamente e se colocando no lugar que é seu de um verdadeiro cliente, exigindo respeito ao estatuto. Esta campanha espontânea, como foi a de associação, mas agora no sentido oposto, advém do fato de que sua vontade política nunca é respeitada e por não conseguirem enxergar a destinação dos recursos que enviam há anos para o clube, que não lhes entrega alegria, mas somente sofrimento com gestões desastrosas que repetem a mesma fórmula fracassada", disse ao UOL Esporte.
"Esse tipo de movimento pode levar ao que já ocorreu em outros países, especialmente na Inglaterra, tendo sido chamado de supporters direct, onde os torcedores exigem parâmetros de controle das gestões dos clubes para o qual torcem e, se bem direcionado, pode ser eficaz e moderno. No mais, entendo e respeito a dor da torcida e seu protesto", acrescentou.
Muitos vascaínos, porém, criticaram tal atitude e responderam pregando justamente o contrário: a associação e ações para ajudar o clube de uma forma geral. Alguns, inclusive, publicaram fotos posando com a carteirinha de sócio.
Segundo o UOL Esporte apurou, internamente, o assunto está no radar, mas o interesse total no momento está em dar todas as condições para que o time possa dar as respostas necessárias em campo e garantir a permanência na Série A do Brasileiro. Recentemente, inclusive, o clube divulgou o "Plano de 15 Dias", que consiste em uma série de medidas adicionais ao que já vinha sendo realizado pelo departamento de futebol.
Neste domingo, a equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo encara o Corinthians, em duelo que pode ser decisivo para a vida do Vasco na competição.
Eleição com polêmicas e movimentações judiciais
A eleição do Vasco foi recheada de polêmica nos bastidores e brigas judiciais. O assunto, inclusive, chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Em meio a um grande imbróglio, foram feitas duas eleições. A primeira foi em 7 de novembro, presencialmente em São Januário, e teve Leven Siano com mais votos. A outra, no dia 14 e de forma híbrida — com votos on-line e presenciais na sede do Calabouço —, indicou Jorge Salgado como presidente.
Salgado só foi apontado como novo mandatário após uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Houve ainda diversas movimentações judiciais visando a mudança deste resultado, mas sem sucesso. Uma delas foi uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) do partido Solidariedade junto ao STF, com o objetivo de impedir a posse de Salgado e dar a vitória a Leven Siano.