A divulgação da lista de sócios aptos a votar, na tarde desta segunda-feira, aumentou ainda mais a confusão no processo eleitoral do Vasco. Pelo menos dois grupos políticos estiveram em São Januário para checar os 13.293 nomes e acusaram, num primeiro momento, a falta de centenas de pessoas que estariam adimplentes e são oposição ao retorno de Eurico Miranda ao poder. Em contrapartida, todos os mais de três mil que aderiram juntos em março e abril de 2013 com supostos benefícios, em caso chamado de "mensalão", constam na relação oficial.
O vice-presidente geral, Antônio Peralta, divulgou uma nota no site do Vasco em que confirma a liberação da lista por restar exatamente 30 dias corridos para a data do pleito, cumprindo o estatuto. Ao mesmo tempo, o corpo jurídico recebeu uma intimação, praticamente no mesmo horário, no estádio, sobre a liminar obtida pela chapa Vira Vasco, que exige o repasse das fichas completas dos elegíveis e também dos eleitores. A diretoria tem até 48 horas para fazê-lo e, caso haja impugnação, automaticamente o pleito será adiado por, no mínimo, 60 dias.
A discussão sobre a ausência de sócios já chegou à polícia. O delegado Maurício Leonardo, que investiga a acusação de prática ilegal, foi procurado e solicitou que algumas pessoas que tenham sido excluídas de forma injusta deponham nos próximos dias para agregar oa processo.
- Já fui informado dessa situação. Estou esperando que haja comprovação do erro. Mas é o presidente do clube, que, primeiramente, tem que tomar uma providência. É necessário que intervenha, e eles se acertem dentro do próprio estatuto também - afirmou o delegado.
As pessoas envolvidas no "mensalão" já estão sendo convocadas, mas há certa resistência pelo temor de serem indiciados por fraude, mesmo com as mensalidades pagas. Dois destes homens, por exemplo, são Nelson Damieri e Fábio Pereira, publicamente torcedores do Flamengo que se tornaram sócios do Vasco nesta leva. O primeiro, em declaração à reportagem do GloboEsporte.com em outubro, sequer sabia do fato. Ambos constam na lista de eleitores.
De acordo com Leonardo Gonçalves, do movimento Cruzada Vascaína, Peralta havia lhe assegurado, na frente de outros conselheiros, que seguiria o parecer da comissão de sindicância, e os nomes relacionados à prática seriam deixados de lado. O dirigente, porém, alegou que enquanto não houver conclusão do inquérito, não vê razão para agir desta forma.
- Sobre este dito mensaão, temos que esperar a conclusão da investigação. Hoje não tem condições de tirar ninguém. Estão na lista de pagantes, então estão aptos a votar. E se nessa lista qualquer sócio que esteja em dia ficou fora, pode ser um erro na base de dados. É uma empresa que nos presta serviços. Há tempo para impugnar, como foi feito com os elegíveis. A lista final só sai dez dias antes da eleição - esclareceu Peralta.