Foi a partir dos 23 minutos do segundo tempo do clássico com o Fluminense que o jogo começou a virar, literalmente, para Manga Escobar. Substituindo Kelvin quando o Vasco perdia por 2 a 1, ele passou a infernizar a zaga tricolor pelo lado esquerdo, marcou um golaço de empate e fez a jogada que resultou no terceiro, marcado por Nenê. Há quatro meses em São Januário, o colombiano tenta agora obter uma trajetória mais longa que seus últimos compatriotas.
Antes da sua chegada, o torcedor cruzmaltino conviveu com Montoya e Riascos, ambos também atacantes.
Montoya valeu um dinheiro ao Vasco em 2013, ainda na era Roberto Dinamite. Descoberto no modesto All Boys (ARG), ele custou mais de R$ 3 milhões, que demoraram a ser pagos e quase custaram complicações ao clube na Fifa.
Tímido, demorou a se adaptar. Empolgados com seus vídeos, torcedores demonstravam ansiedade em vê-lo. Dentro de campo, porém, acabou tendo somente lampejos, nunca se firmou e foi emprestado para equipes de outros países ao longo de seus três anos de contrato. Recentemente, voltou a aparecer para o público no amistoso entre Brasil e Colômbia, em homenagem às vítimas do voo da Chapecoense, quando os treinadores das seleções convocaram somente atletas que atuavam dentro do próprio país.
Já Riascos faz mais o estilo de Manga. Irreverente, costumava fazer dancinhas que caíram no gosto de torcida, funcionários e jogadores. Se faltava técnica, se superava na entrega. O começo não foi fácil e ele chegou a ser vaiado, mas os gols marcados sobre os rivais Flamengo e Fluminense em jogos decisivos acabaram o tornando um xodó.
Carlos Gregório Jr/Vasco.com.br
Riascos chegou a virar xodó da torcida do Vasco
Seu contrato com o Cruzeiro, porém, inviabilizou uma continuidade. O clube mineiro não abria mão de um alto valor de multa para que o Vasco ficasse em definitivo. Com o Cruzmaltino sem dinheiro para tal, voltou para Belo Horizonte (MG) contrariado e chutou o balde ao demonstrar publicamente sua insatisfação após uma derrota. Foi afastado, enfrentou um longa e dura batalha na Justiça e somente agora conseguiu liberdade para atuar: ele está no Millionários (COL).
Manga ainda está na fase de adaptação. Conhece aos poucos o Vasco e o Vasco aos poucos conhece ele. O carinho que já começa a sentir dos cruzmaltinos é um contraste em relação à sua trágica estreia, quando cometeu um pênalti infantil no jogo contra o Vitória pela Copa do Brasil.
"Aquele momento da estreia foi muito difícil. Cometi um pênalti. Foram semanas difíceis, mas o grupo me deu apoio. Trabalhei forte para ter mais chances. Futebol é assim, as coisas mudam rapidamente", declarou.
Com moral com a torcida e o técnico Milton Mendes, ele tem a chance de começar a partida diante do Grêmio, neste domingo, em Porto Alegre (RS). Além da recente atuação, ele poderia ser titular também porque Luís Fabiano deverá ser poupado.
"É decisão do treinador. Quem ele colocar, vamos fazer as coisas da melhor maneira", disse.