Em meio às constantes mudanças na equipe do Vasco, decorrentes da crise financeira que o clube se esforça para estancar, duas referências sobrevivem à tormenta e servem de porto seguro para a estreia na Libertadores, na quarta-feira, contra o Universidad Concepción, do Chile. O goleiro Martín Silva e o meia Wagner trazem na experiência acumulada na competição sul-americana um dos trunfos para garantir ao time um bom resultado fora de casa.
Os dois contrastam com os nove jogadores revelados pelo clube e estreantes na Libertadores inscritos para os jogos contra os chilenos. Ambos já foram vice-campeões do continente, conhecem o caminho das pedras para sobreviver à competição de tiro curto, aos confrontos eliminatórios e às catimbas dos rivais sul-americanos.
- Nossa equipe está madura, quero jogar mais, fazer mais gols, dar mais assistências. Este ano eu fiz a pré-temporada inteira; no ano passado eu não fiz e foi quando tive mais problemas com lesões - lembrou Wagner.
O jogador, inscrito com a camisa 20 na Libertadores, terá mais responsabilidades no meio de campo vascaíno com a ida de Nenê para o São Paulo. Contra o Universidad Concepción, ele chegará à quinta participação na competição — antes jogou em 2008, 2009, 2012 e 2013, por Cruzeiro e Fluminense. Acumula 18 vitórias, nove empates e oito derrotas. Em 2009, era o astro do clube mineiro, vice-campeão para o Estudiantes, da Argentina, e sonha em recuperar o protagonismo daqueles tempos.
Outro veterano disputará a Libertadores pela quinta vez no Chile. Os sentimentos de Wagner e Martín Silva, porém, são diferentes. Há quatro anos em São Januário, o goleiro nunca perdeu o brilho, mas finalmente parece retornar ao ponto em que estava quando trocou o Olímpia, do Paraguai, pelo Vasco. Em 2013, foi vice-campeão da competição - caiu na final para o Atlético Mineiro -, e no ano seguinte veio para o Vasco jogar a Série B. Somente este ano voltou à competição continental. Além da edição de 2013, disputou também em 2007, 2009 e 2012, as duas primeiras pelo Defensor, do Uruguai.
Alçado ao posto de capitão, Martín Silva faz o papel à sua maneira. É de poucas palavras em campo, mas foi um dos jogadores que cobrou de forma mais veemente a diretoria por uma solução para os problemas vividos pelo clube no auge da instabilidade política, inclusive publicamente.
Fora das quatro linhas, a diretoria tenta fazer sua parte, com o pagamento do restante dos salários atrasados até quarta-feira. Para amenizar o cansaço da viagem a Concepción, a 3,2 mil km do Rio, dividiu o trajeto em dois. Domingo à noite, o time viajou para Santiago, onde treina nesta segunda-feira. Terça-feira chegará a Concepción, onde ainda fará mais um treino antes da estreia.