O Vasco foi um time no primeiro tempo e outro na etapa final, mas sofreu com o mesmo problema antes e depois do intervalo: a falta de gols. A noite pouco inspirada dos atacantes e a grande partida de Victor Brasil foram determinantes contra o Bangu no empate em 0 a 0 em São Januário.
O Vasco mereceu a vitória no segundo tempo pelas oportunidades criadas, mas se deu ao luxo de desperdiçar grandes chances, principalmente no pênalti desperdiçado por Jair e em finalizações de Maxime e Bruno Lopes.
Primeiro tempo ruim
Ramon Lima promoveu mudanças no time em relação ao time da primeira rodada. Sem Lyncon e Alegria, o técnico optou por escalar Souza na defesa e Bruno Lopes na ponta, saindo do 4-2-4 para um 4-3-3. Com JP de 10 e a dupla de volantes com Zé Gabriel e De Lucca, o Vasco foi pouquíssimo criativo.
JP ficou escondido entre as linhas do Bangu, enquanto De Lucca e Zé Gabriel ofereceram pouco com bola. Serginho não teve apoio pela esquerda de Victor Luís, que quase não subiu ao ataque, e Bruno Lopes parecia nervoso, sem dar sequência a algumas jogadas. A principal arma do time foi Paulinho Silva, o jovem lateral, que já havia sido destaque contra o Nova Iguaçu na estreia.
O Vasco pouco ameaçou o Bangu. Os melhores do primeiro tempo foram Paulinho e Luiz Gustavo. O lateral-direito levou perigo em jogada que um cruzamento resvalou no travessão e quase entrou. O zagueiro quase abriu o placar com um cabeceio perigoso defendido por Victor Brasil, em outra chance criada por Paulinho.
Meias mudam o jogo, mas Vasco peca para decidir
As entradas de Jair, Paulinho e Maxime deram outra cara ao Vasco. A diferença foi brutal em poucos minutos. Jair lançou o meia suíço logo na volta do intervalo, em toque com categoria por cima, e Maxime deixou Bruno Lopes na cara do gol, mas o jovem atacante desperdiçou grande chance.
Depois, foi a vez de Maxime, na base da insistência, fazer boa jogada pelo meio e finalizar, mas Victor Brasil fez outra grande intervenção.
O Vasco pressionou, mas quando chegou cara a cara não soube aproveitar as chances. Jean David, que entrou dando um gás pela esquerda, deixou Maxime na cara do gol novamente, mas o suíço não dominou a bola e perdeu ótima chance. Logo depois, Maxime ainda protagonizaria um lance bizarro, quando recuperou a posse de bola e tinha três opções de passe, mas tocou em profundidade para ninguém.
O Vasco chegava, mas não punia o Bangu. A falta de uma referência na frente e de pontas mais objetivos e perigosos também atrapalhava. GB se movimentou fora da área, criou algumas oportunidades, mas faltou tomar melhores decisões.
No entanto, foi com o atacante que surgiu a oportunidade do jogo. Em disputa na área, GB cabeceou, e a bola bateu no braço de João Felipe. Jair, que era o melhor em campo, foi para a cobrança e perdeu o pênalti. Não era o dia do Vasco.
Recados para o time principal
Há algumas notícias boas e alguns alertas que podem ser levados para o time principal do Vasco. A boa atuação de Jair é a maior delas, apesar do pênalti perdido. O volante chegou em 2023 e sofreu em seu primeiro ano, que foi totalmente conturbado com o péssimo trabalho de Barbieri e a luta até o fim contra o rebaixamento. Em 2024, em um dos primeiros jogos oficiais, sofreu uma grave lesão e perdeu quase toda a temporada.
Em um time que promete ter mais a posse de bola e trabalhar mais ela pelo meio de campo, com Paulinho, Tchê Tchê, Coutinho e outros jogadores, Jair volta a ser uma das referências técnicas do time e pode ter seus melhores momentos pelo Vasco em 2025. Paulinho de volta é importante para o meia ganhar minutos e adquirir ritmo de jogo.
Maxime e Jean David também precisam se adaptar — e mais rapidamente. O suíço mostra intensidade e dá dinâmica ao time, mas oscila muito dentro das partidas. Contra o Bangu, começou muito bem, gerando jogo, e depois do primeiro erro quase não acertou mais nada depois. Não é a primeira vez que isso acontece.
Já Jean David ainda parece ser prejudicado pela parte física, ainda em adaptação ao futebol brasileiro. O chileno precisa jogar mais perto do gol e tende a funcionar com jogadores próximos. Não é um ponta para ficar isolado na linha lateral e driblar dois ou três marcadores. É um jogador que se associa.
Os alertas já eram notados pela torcida. O Vasco precisa de mais opções no elenco para o ataque. Mas as opções devem trazer impacto ao time — ou seja, trazer gols. Além de Vegetti, hoje, o time não tem um atacante que desperte a expectativa de terminar 2025 com algo próximo a 10 gols no ano. Isso precisa mudar com urgência para a temporada.