Moreira fala sobre aproveitamento da base, Copa do Brasil e títulos

O vice-presidente de futebol José Luís Moreira comenta a sua trajetória no Vasco.

"Eu me tornei vascaíno por ser um lusitano. As referências portuguesas me fizeram isso. Quando cheguei ao Brasil em 1960, o meu avô, como português e vascaíno, a primeira providência que ele fez foi me dar um título do Vasco. A partir daí, desde 1964, passei a ser sócio do Vasco e a freqüentar o Vasco, não como integrante de qualquer coisa, mas simplesmente como torcedor. Depois participei em nada de especial na época do Agarthyno [Gomes] - ajudei em algumas coisas. Em 2002 fui convidado pelo presidente [Eurico Miranda] para ser o vice-presidente de futebol", disse ao programa oficial do Vasco, veiculado na Rádio Bandeirantes.

O dirigente lamenta a política de contratações nos primeiros anos à frente da vice-presidência, apesar da conquista do último título, o Campeonato Carioca de 2003, e enaltece o aproveitamento dos jogadores oriundos das categorias de base.

"Quando cheguei em 2002 para assumir a vice-presidência, evidentemente que com o apoio do presidente, a gente fez muitas contratações, não foram poucas. Mas o resultado dessas contratações na verdade não foi muito benéfica. Teve algumas coisas que sim, até porque fomos campeões em 2003, mas o resultado das contratações não era aquilo que a gente realmente esperava. A gente declinou que teria que olhar mais pela base. Nesses últimos três anos a gente vem apostando nessa garotada. Tentamos, com alguns treinadores na base, principalmente nos juniores. Agora, por último, tivemos o Toninho Barroso, que está fazendo um bom trabalho e aproveitamento desses meninos muito grande. O resultado está aí. Você vê que está totalmente integrado os juniores ao profissional. Sem dúvida, o número de jogadores feitos no Vasco é uma grandeza, bastante, com muita qualidade".

Moreira elogia o zagueiro Victor, os volantes Byro e Mateus, e o atacante Éder.

"Temos ainda alguns valores que não foram mostrados à torcida e estão sendo preparados. São uns meninos que têm um futuro muito grande, espero eu e toda a nação vascaína. Temos o Mateus, por exemplo, um belo jogador que infelizmente se machucou agora. Temos outros, como o Victor, Éder, Byro, que já está integrado, treinando com o profissional. São jogadores que vão cada vez mostrar o trabalho na base que é feito no Vasco. Acredito e tenho certeza que é a salvação não só do Vasco, como de todos os clubes pelo Brasil afora".

O dirigente destaca o trabalho realizado pelo técnico Antônio Lopes.

"O trabalho do Lopes é fundamental. Primeiro, porque ele gosta dessa renovação, de lançar os meninos no Vasco, como sempre fez com grandes jogadores que passaram e eram brilhantes não só no Vasco, como no Mundo afora. Ele é um incentivador a essa garotada e está inclinado a cada vez mais puxar essa garotada de baixo".

Moreira lamenta a derrota nos pênaltis por 5 a 4 para o Sport, pelas semifinais da Copa do Brasil, após vitória por 2 a 0 no tempo normal, em São Januário. Com o resultado, o Gigante da Colina, que tinha perdido o jogo de ida por 2 a 0, em Recife, foi eliminado da competição.

"Acho que a gente era merecedor de uma melhor sorte devido ao trabalho que foi feito, de tudo que a gente achava que ia conseguir. Tínhamos plena, quase certeza de que o êxito era nosso, até por sair de um placar adverso, como foi o de quarta-feira. Estávamos perdendo de 2 a 0, conseguimos empatar o jogo e fomos para os pênaltis no último momento. Eu acreditava. Realmente foi um traumazinho que a gente custa a digerir. Mas a equipe mostrou no sábado que veio para disputar o Campeonato Brasileiro não para participar, mas ser um dos concorrentes ao título. Acredito muito nessa equipe. É claro que o treinador tem algumas coisa que ele tem que fazer, e vai fazer porque sabe aonde tem que mexer. Ele tem que ter o apoio da diretoria. Ele tem. O Eurico, eu e todos nós no Vasco apoiamos essa renovação. Com essa renovação é que o Vasco vai crescer e, com certeza, os títulos vão aparecer".

O dirigente considera a Copa do Brasil uma competição muito difícil. A dificuldade poderá aumentar na edição de 2009, quando as equipes classificadas para a Copa Libertadores da América deverão voltar a disputá-la, o que não ocorre desde 2001.

"A grande verdade é que a coisa foi tão bem preparada e feita. A gente merecia melhor sorte por aquilo que fez. Mas futebol tem essas coisas. A gente batalha, batalha, batalha e, em um pequeno descuido, momento, leva tudo a perder. Foi o que aconteceu. Mas, sem dúvida nenhuma, a gente teve uma preparação muito grande. Tivemos uma noite terrível em Recife, que foi no dia do primeiro jogo com o Sport. Foi uma noite mal dormida. Não é desculpa para nada, até porque superamos isso no jogo aqui. São as dificuldades que tem nessa competição. As pessoas pensam que é fácil ganhar uma Copa do Brasil, mas não é fácil porque você fica alijado, não pode ter um descuido, que leva tudo a perder. Você tem poucas chances. As chances são muito poucas para você continuar na competição, que é um torneio. Isso na verdade é eliminatório e cria essa expectativa. Mas ainda espero, o mais rápido possível, ganhar essa competição, que é a única que o Vasco não tem".

Moreira afirma que os jogadores formados pelo Vasco só passarão a ter um maior reconhecimento quando conquistarem um título.

"A gente está nesse processo de renovação e com títulos. Aí a garotada cria mais raízes ainda, primeiro por serem formados dentro do clube. Acho que para eles levarem o carimbo definitivo, só com um título. Acho que os meninos vão se esforçar para isso, porque eles têm muita qualidade".