"... Estou amadurecendo a ideia de ter um gestor profissional de futebol. Terá de ser um ex-jogador de seleção, com bom trânsito na mídia, conhecido internacionalmente, e que queira assumir uma profissão um pouco diferente da atual que existe no futebol. Ele vai ser o responsável pelo futebol do Vasco..."
A declaração acima é de Jorge Salgado, em outubro do ano passado, em entrevista ao GE.com, quando era então o candidato mais cotado para vencer as eleições à presidência do Vasco.
Na quarta-feira (dia 8), Juninho Pernambucano, ex-meia do clube, idolatrado em verso e prosa pela torcida, anunciou o fim de sua experiência pela direção do futebol do francês Olympique Lyon, onde exerceu a função que o agora presidente vascaíno falava em criar antes de se eleger.
Tudo o que fora listado por Salgado na função que ele criara pensando em vê-la preenchida por Paulo Roberto Falcão se enquadra exatamente no perfil do antigo camisa 8 do Vasco: ídolo do clube, ex-jogador da seleção brasileira, com bom trânsito na mídia, conhecido internacionalmente...
E eu ainda acrescentaria a formação nos cursos de gestão da Uefa, e essa rica experiência num clube europeu, onde Juninho também é ídolo.
Ou seja: pela formação técnica e acadêmica, pela idolatria dos torcedores (sobretudo os mais jovens) e por ser sabedor das mazelas vascaínas, Juninho já deveria ter sido procurado por Salgado antes mesmo de ter anunciado sua saída do clube francês.
Porque se a intenção do presidente era ter no comando alguém com o perfil descrito por ele próprio, não há outro mais indicado ao cargo.
Juninho faz parte de uma safra que soube aproveitar os anos vividos no futebol europeu, se qualificando para o pós-carreira.
Independentemente das conquistas na nova função, ele, Leonardo, Edu Gaspar, Juninho Paulista e Mauro Silva são exemplos que devem ser mirados pelos jovens que hoje se veem seduzidos apenas pelo glamour que brota do campo & bola.
E, evidentemente, pelo dinheiro que se soma na medida em que se chega aos grandes clubes.
É bem provável que quando você estiver lendo este texto, Salgado, o presidente do Vasco, e Juninho, o último ídolo, já tenham se falado para alinhar as expectativas - o dirigente procura um CEO para a pasta mais importante do clube e o agora executivo de futebol planejava descansar e estudar pela Europa.
Mas é de impressionar a morosidade, a falta de ambição e a pouca empatia com o sentimento da massa que sofre com as dores causadas pelo clube...