Então qual é mesmo o time que, chegando às semifinais da Taça Rio, merece mais do que os outros o título do segundo turno? Eis,na resposta, uma prova autêntica da volubilidade do futebol: é o Vasco. Se o Flamengo foi mesmo o melhor (melhorzinho) da Taça Guanabara (primeiro turno), e por sinal a conquistou, o Vasco foi o melhor da Taça Rio, até com destaque maior.
Se vai conquistá-la, repetindo o Flamengo, é outra história. A volubilidade, no caso, é exatamente a diferença enorme entre o Vasco do primeiro turno (um fiasco) e o Vasco do segundo turno (um outro time). Mesmo considerando algumas contratações pela primeira vez bem-sucedidas, na era Roberto Dinamite , é absolutamente clara, visível, palpável, a competência do trabalho de Ricardo Gomes. Com uma qualidade a mais e muito rara em casos como este: a rapidez com que se deu a transformação do time.
Algo tão notável que nos deixa (ou deixa pelo menos a mim) um pouco desconfiado. Qual seria o verdadeiro Vasco? Será que é mesmo o do segundo turno? Não, não foi nenhuma maravilha. Mas foi melhor, por exemplo, do que o Flamengo campeão do primeiro e, em consequência, melhor do que qualquer outro time da competição. É o nosso padrão atual, o que posso fazer?
A pergunta sobre o verdadeiro Vasco começará a ser respondida, naturalmente, nestas semifinais e, mais ainda, na final, se o time chegar lá. Para início de conversa, o Vasco é o único favorito das semifinais, já que não vejo uma gota de favoritismo na outra semifinal, a da dupla Fla-Flu. Apesar de tudo, o Vasco ainda não me dá a sensação de ser um time definitivamente montado.
E parece que sua imensa torcida pensa da mesma forma, como posso julgar pelos gritos de Bernardo, Bernardo! que soaram domingo no estádio em Macaé, enquanto o Vasco passava por sufoco contra o mesmo Olaria da semifinal.
Por falar nos gritos, não me soa bem a escalação do Vasco atual sem a jovem revelação, mesmo que eu não queira abrir uma discussão com o Ricardo Gomes por causa disso. Não é mesmo fácil ajeitar o Bernardo no time com o Felipe, o Diego Souza, o Alecsandro e o Éder Luís. Mas acho que um dia Ricardo Gomes terá de fazê-lo. Quando e como... não sei.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal \"O Globo\")