O Vasco tem o segundo melhor ataque do país, em média, em 2006. Em 11 partidas oficiais, marcou 28 gols - 2,54 por jogo. Só o Atlético Paranaense fez mais, com 42 bolas na rede em 16 partidas - 2,62. E, mesmo assim, o Vasco está ameaçado de ficar fora da semifinal da Taça Rio, depois de ter sido eliminado na mesma fase da Taça Guanabara.
O número assustador de gols marcados por Romário e Cia. se explica pela goleada por 7 x 0 sobre o Botafogo-PB, a única vez que o time não foi vazado neste ano. Em média, na comparação com todos os times da Série A do Brasileirão, o Vasco só sofreu menos gols do que o Flamengo. São 19 sofridos em 11 partidas - 1,72 por jogo, contra 1,75 dos rubro-negros.
Renato Gaúcho construiu sua curta carreira montando equipes pela defesa, com três zagueiros e dois volantes, como faz agora também com o Vasco.
Em 2002, no Fluminense, o melhor trabalho já realizado por Renato como técnico, os números eram bons quanto à classificação - foi semifinalista -, mas péssimos quanto à defesa. Em 18 partidas sob o comando de Renato Gaúcho, naquele ano, o Flu marcou 37 vezes - dois por partida - e sofreu 43 - 2,38 por jogo. Naquele Flu, a defesa era ainda mais vazada. No Vasco de hoje, consertar a defesa parece ser receita para arrumar o time.
A chave passa pelo volante Ygor. Sem ninguém prestar atenção a ele, Ygor tem feito boas partidas. É cabeça-de-área quando Renato deseja. Apesar da dificuldade no passe, foi dele o lançamento milimétrico para o gol de Valdiram, contra o Americano. Quando Renato quer, Ygor é zagueiro. Joga na caça a um atacante rival, como fez no mesmo jogo contra o Americano, ora contra Flavinho, ora contra Faioli. O problema passa por aí. Nem os zagueiros do Vasco têm certeza se Ygor é zagueiro ou volante. Nem ele mesmo sabe. A confusão de posicionamento tem feito vítimas em vários times brasileiros. Fez no Fluminense, contra o Botafogo, faz no Vasco. Falar em qualidade dos beques é óbvio. Dizer que se deve à escalação de quatro homens ofensivos é esquecer que a defesa é problema há mais tempo. Consertar o sistema defensivo, antes das partidas contra Cabofriense e Flamengo, exigir a resposta sobre qual a posição real de Ygor: primeiro volante ou terceiro zagueiro. Os números indicam que não é uma coisa nem outra.