A saída de Romário foi a grande notícia de começo de temporada para a torcida do Vasco. Depois do desentendimento entre o veterano jogador/dublê de técnico e o presidente do clube, é possível, num primeiro momento, imaginar que algum treinador possa realizar um trabalho minimamente razoável sem que seja forçado a se curvar ante os caprichos do “Baixinho”.
No entanto, a colisão entre ele e Eurico Miranda deixou claro que não é apenas lenda algo que muita gente já sabia ou pelo menos imaginava existir: as interferências do cartola na escalação da equipe. Claro que o “mundo ideal” para o torcedor vascaíno teria Romário e o dirigente em questão bem distantes de São Januário. Mas ainda não será agora.
“Quando tem que interferir eu interfiro”, disparou Eurico na coletiva. A frase do dirigente confirma que, enquanto ele seguir mandando no clube da Colina, nenhum treinador será capaz de trabalhar em paz por aquelas bandas. De positivo a postura de Romário, que não se curvou às pressões do dirigente. É o outro lado da moeda. No Brasileirão do ano passado Celso Roth também não se curvou ao veterano de 42 anos, mantendo-o — corretamente — no banco na derrota para o Flamengo (1 a 2). Caiu dias depois.
“Faço tudo sempre pelo Vasco”. “Não cometo injustiças”. “Minha posição era definitiva (sobre a ordem pela escalação de Alan Kardec, pivô da crise) desde segunda-feira”. Frases de Eurico Miranda, evidentemente. Sim, meu caro amigo cruzmaltino, se por um lado a saída de Romário é benéfica, não há mesmo assim motivos para comemorar.
Em tempo: no dia 8 de março completará um ano a decisão do juiz da 15º Vara Civil, Renato Ricardo Barbosa, que naquela data anulou a eleição para o Conselho Deliberativo do Vasco da Gama realizada em novembro de 2006. Ela manteve, de forma polêmica, o presidente no poder. Pela decisão de então, uma nova eleição deveria acontecer em 30 dias. E já se passaram mais de 300...
Enquanto Eurico confirmava a saída de Romário do Vasco, Kleber Leite “ameaça” os torcedores do Flamengo ao abrir as portas da Gávea para o retorno do ex-jogador.
Em respeito ao próprio passado, à própria história, Romário deveria encerrar oficialmente a carreira de atleta, que na prática já acabou faz tempo. Aí, que decida o que fazer, se prosseguirá como técnico, dirigente, enfim. Não creio que consiga viver longe do futebol.