Internamente, a postura de Autuori já vinha deixando a diretoria intrigada e preocupada. Mesmo que anteriormente ele já tivesse se mostrado chateado com salários atrasados e problemas de estrutura, nos últimos dias, repentinamente, o comandante aumentou consideravelmente suas reclamações no dia a dia.
Antes aberto, o diálogo com parte da diretoria vinha ficando escasso. Tanto que nenhum dirigente sabia da decisão do treinador antes de sexta-feira. Muitas das críticas recentes chegavam somente através da imprensa.
A notícia, por tanto, pegou a cúpula de surpresa, até porque, como disse Ricardo Gomes, na coletiva da última quinta-feira, não haveria chance de Autuori deixar o clube por conta dos salários atrasados, pois ele já estaria ciente de que, se o pagamento não fosse feito até o dia 5, seria até o dia 20 deste mês. Mas, um dia depois, o treinador comunicou sua decisão aos dirigentes.
A situação também surpreendeu o Vasco porque o prazo estabelecido para zerar dívidas havia sido em julho. E ainda é início de mês. A diretoria tem a perspectiva de pagar o salário pendente ainda esta semana.
Já na viagem a Caxias do Sul, a insatisfação era mais do que visível. Durante os dois dias no local, Autuori reclamou bastante, apontando defeito até nas toalhas cedidas para os atletas no jogo com o Internacional, após avistar um furo em uma delas. Mostrando que a paciência, de fato, estava no limite.
Entre os jogadores vascaínos, Autuori sempre gozou de muito prestígio, até pelo empenho para que os salários fossem quitados. Mas até alguns atletas do grupo vinham percebendo algumas mudanças de comportamento do técnico nos últimos dias.