Roberto é cinquentão, ex-atacante, maior artilheiro da história do clube e chegou à presidência do Vasco depois de vencer nas eleições aquele que dominava o poder há muitos anos. Esta seria a descrição de Dinamite não fosse ele Roberto da Silva, presidente do Vasco do Paraná, ou \"Vasquinho\", como é carinhosamente chamado em Curitiba. Coincidência que marca o duelo com o Coritiba, nesta quarta-feira, no Couto Pereira, pela final da Copa do Brasil.
Fundado em 6 de junho de 1937, o Vasco-PR é um clube de futebol que disputa apenas campeonatos amadores de Curitiba, em categorias que vão das crianças até os veteranos. Nascido por iniciativa de dois irmãos torcedores do original, ele inicialmente foi batizado Cruz de Malta. No entanto, o parente de um dos fundadores do Cruz-Maltino paranaense era funcionário do clube carioca e doou o primeiro jogo de camisas, utilizado pelo logo depois criado Vasco da Gama Futebol Clube.
De 1977 a 1997, Roberto da Silva defendeu o Vasquinho, pelo qual garante ter marcado 380 gols. Mas a identificação do ex-artilheiro não é apenas com o clube de Curitiba. Ele se diz torcedor fanático do Vasco do Rio de Janeiro, embora tenha paixão pelo Coritiba, do qual é sócio. Nesta quarta-feira, estará no Couto Pereira para assistir à decisão da Copa do Brasil e deixa claro que não existe essa história de coração dividido.
- Sou torcedor fanático do Vasco e do Coritiba, mas antes de tudo, sou paranaense. Por isso, minha torcida será pelo Coxa na final - disse ele, que é funcionário da Receita Federal e tem 52 anos.
Em 2003, Roberto venceu nas eleições presidenciais Orlando Zonato, que comandou o clube por 30 anos. No fim de seu último mandato, ele se orgulha de ter zerado as dívidas. Mesmo assim, sonha deixar como legado uma aproximação com o Vasco-RJ, após uma tentativa frustrada quando o clube ainda era dirigido por Eurico Miranda.
Por enquanto, o campo do Vasquinho, localizado no bairro Cruz do Pilarzinho, é sustentado pelas escolinhas do Atlético-PR, que arrenda o local para trabalhar e observar novos talentos. No entanto, Roberto admite que gostaria de ver ali uma extensão do Vasco e, assim, cumprir o objetivo de estar mais perto daquele que foi também seu ídolo.
- Gostaríamos que o Roberto Dinamite conhecesse o nosso clube e, quem sabe, desse o pontapé inicial de uma partida. Chegamos a conversar com a antiga diretoria do Vasco sobre uma parceria, mas não avançou. Sou vascaíno e torcedor do Coritiba. Por isso, ver um time rubro-negro no nosso campo é complicado - brincou ele, que também conta com a renda dos bailes da terceira idade e das festas de forró na sede social para sustentar o \"Vasquinho\".
Por enquanto, Roberto se satisfaz com a lembrança de um breve encontro com seu xará Dinamite, na década de 80, durante uma passagem do Vasco por Curitiba.
- É engraçado lembrar os rostos das pessoas que em diversas ocasiões ao longo da minha vida me olharam pensando que eu era o Dinamite... Também, em quem mais elas pensariam quando ouviam que o Roberto do Vasco estava ali? - diverte-se.