Com chances apenas matemáticas de avançar às semifinais, o Vasco praticamente jogou a toalha na Taça Guanabara. Mais do que ficar de fora da fase decisiva do primeiro turno do Carioca, no entanto, o que mais preocupa os vascaínos é o nível de atuação da equipe de Abel Braga.
A cinco dias da estreia na Sul-Americana, principal projeto do clube na temporada, o Vasco junta os cacos para o jogo contra o Oriente Petrolero, quarta-feira, em São Januário. São inúmeros problemas, amplificados pela derrota em casa, na manhã desta sexta-feira, por 1 a 0 para a Cabofriense, até então lanterna do campeonato.
Vasco ainda não tem uma cara em 2020
Em quatro jogos no Carioca – um deles com o time reserva -, o Vasco ainda não se encontrou. Desorganizada, espaçada e previsível, a equipe tem criado poucas chances claras e irritado o torcedor.
Setor de maior expectativa para temporada, o ataque formado por Marrony, Talles e Cano tem decepcionado. Os números comprovam. Com apenas um gol em quatro jogos, o Vasco tem o pior ataque do Carioca, ao lado da Cabofriense.
- A coisa não está fluindo. O negócio é que a gente não está conseguindo criar - analisou Abel.
Único reforço até o momento, Germán Cano tem se mostrado um atacante perigoso. Ainda assim, pouco dialoga com Talles e Marrony. O setor de criação tem sido nulo. Aposta de Abel, Gabirel Pec ainda não convenceu.
É nítida a necessidade de reforços. Com o orçamento apertado, no entanto, o time não deve receber nomes de ponta, por enquanto.
Lua de mel entre torcida e time chega ao fim
As atuações ruins têm ofuscado o que o Vasco teve de melhor em 2019: sua torcida. Após aumentar significativamente o número de sócio-torcedores e apoio irrestrito no fim do ano passado, a relação começa a dar sinais de desgaste. O apoio ainda existe, mas o torcedor já dá claro sinais de irritação. O presidente Alexandre Campello e Abel Braga são os principais alvos de fúria, mas nesta sexta, em São Januário, já foi possível ouvir gritos de “time sem vergonha”.
Ao mesmo tempo, a torcida tem se solidarizado com jogadores e funcionários, com meses de salários atrasados. O grito de “paguem os salários” tem ecoado nas arquibancadas. Ainda assim, o torcedor vem separando as coisas e cobrado um nível maior de performance da equipe.
–Eu entendo a torcida e também estou chateado com o que estamos produzindo - frisou Abel.
O goleiro Fernando Miguel dividiu a responsabilidade entre todos.
"Pressão existe para todos. Precisamos de unidade e lealdade. Todos têm que agir. Futebol se sustenta com resultados e atuações. Não é com discurso, entrevistas e redes sociais. É dentro de campo que conquistamos o torcedor"
- Todos fomos cobrados. O Abel foi cobrado, os jogadores foram cobrados na mesma proporção. Precisamos pegar uma unidade, pegar uma lealdade ao trabalho para que as coisas aconteçam dentro de campo, e as ideias do Abel sejam cada vez mais claras. O futebol brasileiro se sustenta com resultados e atuações. Não é com discursos, entrevistas ou mídias sociais. É dentro de campo que convencemos nosso torcedor e demonstramos se somos uma equipe confiável ou não - disse o goleiro.
Pikachu e Talles preocupam
Como se não bastassem os problemas existentes, Abel ganhou mais duas preocupações para a estreia na Sul-Americana. Pikachu e Talles deixaram o jogo com dores e, segundo o treinador, são dúvidas para o jogo contra o Oriente Petrolero.
Pikachu sentiu dores na panturrilha esquerda, e o clube avalia a gravidade. O lateral foi medicado e, caso o incômodo persista, poderá passar por exame neste sábado. O problema de Talles é menos grave e, a princípio, o atacante não deve ser problema na quarta. O jovem sente dores no púbis. Dois titulares que ainda não brilharam na temporada, mas são peças fundamentais na engrenagem do time de Abel.