Criado há seis anos para se opor a Eurico Miranda nas eleições para presidente do Vasco em 2000, o Movimento Unido Vascaíno (MUV) se diz pronto para pôr fim à dinastia do dirigente em São Januário. O grupo de cruzmaltinos insatisfeitos com as últimas gestões já até negocia com possíveis patrocinadores e parceiros para o clube, mas metas ambiciosas como a inclusão do time entre os 10 melhores do mundo precisarão transpor uma barreira que se tem mostrado inabalável: suspeita de fraude nas eleições.
O MUV ainda aguarda na Justiça a decisão sobre as ações movidas após a votação de 2003 A série de manobras da situação descobertas pela oposição - em uma votação que terminou com 102 votos de diferença, por exemplo, teria sido comprovado que Eurico mandou incluir sem apoio legal 259 eleitores que não estariam na lista de sócios votantes - não deve ter desfecho judicial antes da disputa deste ano, mas ao menos serviu de base para evitar novas suspeitas de corrupções. Nos votos legais, o presidente do MUV, José Henrique Coelho, acredita que a oposição não teria problema de derrotar o atual presidente, que conta com uma lista cada dia maior de desafetos.
- Hoje, a grande maioria de vascaínos quer mudanças no clube. Quem está lá já fez muita coisa pelo Vasco, mas não tem nada mais nada a fazer. A oposição conhece o clube quase tão bem quanto a situação e tem muito mais a oferecer - afirmou José Henrique.
Em vez de um poder centralizado com o da gestão de Eurico Miranda, o MUV se baseia na discussão aberta entre os membros. Tanto é que ainda não definiu os três nomes que indicará para a chapa que concorrerá em novembro. Roberto Dinamite, José Carlos Osório, Medrado Dias, Gomes da Costa e Luso Soares da Costa - a maioria empresários e executivos bem-sucedidos - são os mais cotados para se candidatar. A decisão sai no fim de julho. Com a aposta em uma administração conjunta e moderna, a idéia é incluir no projeto dirigentes apaixonados e que tenham competência para gerir o clube como uma empresa de sucesso.
- Acreditamos que, quanto maior a crise, maior a possibilidade de escapar dela. É o que está nos possibilitando essa mesa-redonda com os cruzmaltinos insatisfeitos - disse o presidente do MUV.
Entre os principais projetos da oposição, está a inclusão do Vasco entre os 10 melhores times do mundo até 2017. Para isso, um contrato de patrocínio com uma multinacional está em fase de sondagem, para evitar perda de tempo caso a chapa vença as eleições. Planos de negociação da dívida que, segundo o MUV, beira os R$ 220 milhões, estão na proposta. A criação de um consórcio dos credores, ao qual o Vasco pagaria mensalmente um valor, seria uma das medidas. O aumento do número de sócios - hoje apenas 677 pagam a mensalidade do clube - e a montagem de um time competitivo, com a contratação de ao menos um reforço de destaque, também estão nos planos.
- Queremos os torcedores freqüentando os estádios e o clube - ressaltou José Henrique Coelho.