O Vasco mais parece o cachorro que corre atrás do próprio rabo e gira sem sair do lugar. Sete anos depois do primeiro rebaixamento para a Série B, Eurico Miranda mostrou que tem algumas semelhanças com seu antecessor, Roberto Dinamite. Ao menos nas explicações para a queda, os dois possuem grande entrosamento.
Quando assumiu em 2008, Roberto Dinamite e seus companheiros na nova diretoria utilizaram muitas vezes o termo “herança maldita”, para se referir ao estado das finanças do clube durante a gestão de Eurico Miranda — o que teria sido, segundo eles, um dos motivos para o rebaixamento naquele ano. Ontem, foi a vez de Eurico Miranda destacar que encontrou a parte financeira do Vasco como “terra arrasada”:
— A responsabilidade é minha, mas não montamos o time que queríamos por absoluta impossibilidade de fazer. Com as receitas todas comprometidas, como fazer? A rigor, era para eu dizer que não dava para fazer nada. Roberto Dinamite só fez lambança no Vasco, ele levou a instituição a uma situação extremamente delicada.
Em diversos momentos, ambos afirmaram que encontraram o clube em situação ainda pior do que imaginavam. Ontem, Eurico Miranda ressaltou que contratou a empresa de auditoria Ernest & Young para detectar a origem do rombo deixado, de acordo com ele, pelos dois mandatos de Dinamite. Em 2008, foi o ex-camisa 10 do Vasco que apelou para a KPMG, pelo mesmo motivo.
— Precisamos saber como, onde e de que forma foi adquirida a dívida — afirmou Dinamite ao site “Globoesporte.com” em 2008: — A reunião foi importante, mas precisamos determinar uma linha de conduta sobre de quem o clube recebe e a quem o clube deve.
Com dois presidentes tão parecidos em discurso, quem sofre mais é o Vasco.
Discurso em 2008
Fardo
Roberto Dinamite alegou que recebeu o Vasco com o caixa praticamente zerado depois que Eurico Miranda deixou a presidência. O termo “herança maldita” foi usado várias vezes pela diretoria recém-eleita.
Surpresa negativa
Na época, os dirigentes de Dinamite afirmavam que o tamanho do passivo deixado por Eurico era ainda maior do que esperavam e que isso deixava o clube praticamente impossível de se administrar.
Transparência
Em 2008, uma série de dívidas confessadas pela diretoria anterior fez com que a gestão de Roberto Dinamite questionasse os passivos. Os principais credores eram Romário e José Luis Moreira, ex e hoje atual vice de futebol.
Auditoria
O Vasco contratou os serviços da empresa KPMG para detectar possíveis irregularidades nas dívidas contraídas pelo clube na gestão de Eurico Miranda. O trabalho não foi encerrado.
Discurso em 2015
Fardo
Eurico Miranda alega ter encontrado o Vasco como “terra arrasada” depois das duas gestões de Dinamite. Com uma série de pendências a serem pagas, não pôde montar o time capaz de permanecer na Série A.
Surpresa negativa
O presidente afirmou que encontrou o clube ainda pior do que imaginava, inclusive em termos de infraestrutura. Eurico reformou os alojamentos dos jogadores da base.
transparência
O atual presidente já reclamou da confissão de dívidas de Roberto Dinamite a advogados. Ontem, o dirigente afirmou que a auditoria contratada pelo clube tem tido dificuldades para fazer o trabalho por falta de documentos.
Auditoria
Eurico contratou a Ernest & Young para mapear o tamanho real do rombo provocado pela gestão Dinamite. O dirigente promete anunciar o parecer.