Remo: Marcelo Neves disseca momento atual e projeta futuro

O treinador do remo do Vasco da Gama, Marcelo Neves, em contato exclusivo com o Blog CRVG - Em Todos os Esportes/SuperVasco e o Só Dá Vasco comentou o apoio que segundo ele vem sendo dado pela diretoria do clube ao Departamento de Remo a partir do começo deste ano após a entrada de Cristiano Koehler, diretor-geral do Vasco, e Miguel Gomes, diretor de planejamento. Neves ainda falou sobre o apoio do Departamento de Marketing, o que, inclusive, deu origem a um projeto via lei de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que proporcionou ao clube reformar sua Sede Náutica (confira todos os detalhes das melhorias):

Confira vídeo no qual Marcelo comenta esse apoio por parte da diretoria:



- É importante salientar toda a dedicação da nossa diretoria, do Cristiano, do Miguel, do departamento da marketing, em relação ao nosso departamento. Estávamos com um atraso em relação aos atletas. No período de um mês, eles possibilitaram o pagamento de quatro meses da nossa ajuda de custo. Isso deu um levante na nossa garotada que acho que será importantíssimo para o desenrolar do trabalho daqui para frente até o final do ano. Então vai o agradecimento do Departamento de Remo do Vasco da Gama em relação a todo o esforço da nossa diretoria, mesmo nesse momento de crise. Mudou da água para o vinho depois das entrada deles, não sonhávamos com o recebimento de sequer um. O Vasco sempre estabelece o dia 20 o dia de vencimento, estamos desde janeiro sem receber. Três meses somente. A nossa relação com eles está sensacional. Estamos com três meses, indo para quatro [vence dia 20], mas nossa diretoria bancou, pagou quatro salários no intervalo de um mês. Isso foi muito bacana. O Cristiano, o Miguel têm dado uma força tremenda para a gente. O esquema agora está outro de janeiro para cá, com a entrada deles.

Um detalhe que Marcelo Neves ressalta é o fato de participar de reuniões com Koehler e Miguel Gomes sobre o remo. Já projetando o futuro do esporte fundador vascaíno, que esteve praticamente abandonado pela diretoria nos últimos anos, Marcelo pontua que a questão central para o esporte olímpico vascaíno é a autossuficiência e independência em relação ao futebol, o que se tornaria possível com o clube conseguindo as Certidões Negativas de Débito (CND), cuja consecução Koehler coloca como uma de suas prioridades:

- O que ele coloca para a gente a gente tem consciência é de que o remo não vai viver na dependência do futebol. O que a gente tem que buscar é o que o Flamengo conseguiu agora: as certidões negativas de débito. Ele está trabalhando nisso. A Patricia Amorim apoiava muito fortemente o remo, assim como acontecia aqui com o Eurico, que gostava muito de remo. Acho
que agora o Flamengo vai sofrer muito, mas logo ali na frente vai ser muito bom para eles. Eles reduziram os custos em tudo, inclusive no remo. Estavam na primeira regata com quatro meses de atraso. Não tem nada ainda em relação às nossas certidões, mas desde a primeira reunião que nós tivemos (em dezoito anos de casa, foi a primeira vez em que eu, junto ao Fabio, coordenador da sede, fui chamado para uma reunião entre os departamentos) já tive duas reuniões com o Miguel. Nessa primeira reunião, dentre outras coisas, o Koehler falou que um dos principais objetivos é buscar essas certidões, porque é uma maneira indireta de conseguir receitas para o clube, de conseguir independência entre os setores. Conseguir montar um bom time de basquete, você ter uma boa equipe de remo, uma boa estrutura aqui... Renovar a nossa flotilha. Nossos barcos são maravilhosos, mas são de quinze anos, já estão pesados, mais encharcados. A busca tem que ser essa, e eu tenho certeza de que eles vão conseguir. Tanto é que o nosso departamento já está trabalhando no projeto via Lei de Incentivo ao Esporte.

Pensando em grandes melhorias no médio e longo prazo, os funcionários do Departamento de Remo trabalham no hoje. E este trabalho vem sendo bastante incrementado ultimamente, com uma grande ampliação na capacidade das escolinhas. O Vasco da Gama abriu neste mês de maio uma escolinha de remo no seu box no Estádio de Remo da Lagoa. Com isto, o Gigante da Colina amplia bastante a sua estrutura para jovens que queiram praticar o desporto, uma vez que ainda conta com os treinos em sua Sede Náutica. Para matrícula ou mais informações, comparecer à sede vascaína (Rua General Tasso Fragoso, 65, Lagoa) ou ligar para (21) 2156-3906. O que deixa os vascaínos ainda mais otimista em termos de formação de novos atletas é exatamente a nova rampa, que chegará em breve à Sede Náutica do Clube e aumentará a capacidade atual de dois remadores para doze (relembre detalhes da rampa na matéria sobre as melhorias na sede). Marcelo comenta sobre o incremento nas escolinhas do clube:

- Nós vamos ampliar a capacidade da nossa escolinha de iniciação de atletas de duas bancadas para doze bancadas. Vai ser um aumento de qualidade, não só em quantidade, porque são todas bancadas novas, simuladores novos. Isso vai dar uma possibilidade de trabalhar com muito mais velocidade toda a iniciação dos nossos atletas, tanto na nossa escolinha quanto na nossa pré-equipe. E acredito que já no início do ano que vem já estaremos colhendo frutos de todo esse processo. Teremos no final de semana seguinte uma Regata do Futuro, uma regata muito legal dentre as escolinhas de remo. Acredito que vamos nos apresentar melhor do que na primeira regata dessa. Com os dois pólos de escolinha (aqui e no Estádio de Remo), a nossa possibilidade de fazer atletas vai ficar muito maior.

Marcelo comenta o momento atual do remo, pensando em resultados no Campeonato Estadual, mas já projeta os próximos anos, tendo como objetivo a manutenção da progressão que ele observa no remo vascaíno. O foco no momento é estruturar a base para que as coisas corram bem quando trazer atletas de peso para as categorias superiores for possível:

- A nossa participação neste ano vai ser direcionada para as categorias de base. Tivemos um resultado muito bom no Junior B na primeira regata [com Igor Nunes Cunha e Thiago Francisco da Silva], esperamos um novo resultado positivo nesta categoria na segunda. A ideia é de que a gente dispute o Campeonato nessa categoria. Vamos ter com certeza participações muito interessantes dentro da categoria de aspirantes. São atletas novos, que foram feitos neste ano em função da perda de atletas antigos, mas que já estão apresentando um nível bem interessante que no meu entender até os possibilita a buscar uma vitória nessa regata. Infelizmente, nas categorias de cima, em função da perda desses atletas nos últimos dois, três anos, nós não vamos participar dessas provas. Estamos trabalhando para recuperar esses atletas, mas esse processo de recuperação é demorado e longo, e acredito que só vá acontecer para o ano de 2014. O objetivo é fazer um bom trabalho nas categorias de baixo, para que no futuro, no ano que vem, quando tivermos a condição de repatriar esses atletas, a gente tenha também uma base bem estruturada e, desta maneira, nós possamos entrar em 2014 para novamente disputar o título, como vem acontecendo nos últimos quinze anos.

Marcelo Neves complementa, e é taxativo quanto a seus objetivos para o médio/longo prazo:

- Acredito que nosso remo voltará a ser vitorioso no médio/longo prazo. Principalmente com esses atrasos no Flamengo, os atletas antigos que saíram já estão olhando com outros olhos, querem saber como estão. Eu quero já para 2014, se continuarmos nessa progressão, já se apresentar muito melhor, buscar a vitória em algumas categorias.

Marcelo se incomoda muito quando ouve que os esportes olímpicos do Vasco devem ser extintos. Ele pontua constantemente que o esporte olímpico do Vasco não pode ser dependente do futebol, e que esse é o ponto chave:

- As pessoas esquecem que é possível fazer esporte olímpico sem tirar dinheiro do futebol, isso é tremendamente possível. E fica cada vez mais fácil quanto mais nos aproximarmos de 2016. Se eles conseguirem as certidões, aí então essa possibilidade vai ser muito grande. Fora a Lei de Incentivo ao Esporte, temos a lei do ICMS a nível estadual. Esta não precisamos de certidão, quem precisa é a empresa que patrocinará. Tanto que esse projeto foi por essa lei. É possível ter um basquete forte, um atletismo forte, um remo forte sem necessariamente tirar do futebol. A gente tem que acabar com esse pensamento de depender do futebol, temos que caminhar com as próprias pernas.

Para finalizar, Marcelo Neves analisa o Sul-Americano de Remo 2013, que foi disputado no Rio de Janeiro (Estádio de Remo da Lagoa) no último final de semana de abril. A disputa foi vencida pela Argentina, mesmo sem Ariel Suárez. O vascaíno Cristian Rosso foi medalha de ouro nas provas do double skiff com o irmão Brian Rosso (Ariel Suárez, também remador do Vasco, não disputou por motivos de saúde) e do four skiff. Marcelo comenta o Campeonato e critica o remo brasileiro:

- A CBR (Confederação Brasileira de Remo) enfrenta uma série de problemas, e eu acho que ela não está trabalhando da maneira certa. Eu tenho contato através do Ariel e do Cristian com a Argentina, e uma das diretorias da Associação Argentina de Remo foi nossa atleta no Vasco há dez anos atrás: Lorena Betina. A gente sempre conversa. A Argentina vez fazendo um trabalho contínuo há três anos, desde o Pan-Americano, desde que eles assumiram. Compraram uma flotilha nova, investiram, têm uma seleção permanente. A seleção brasileira se juntou, se fez, se direcionou os barcos três semanas antes do Sul-Americano. Os resultados não poderiam ser diferentes. O Cristian ganhou com o irmão dele, não houve perda para a Argentina. Não à altura do Ariel, mas o suficiente para vencer o Brasil.

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