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Remo: Marcelo Neves enfatiza o trabalho desenvolvido nas categorias de base

São 5h da manhã, e as águas da Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão postal da cidade, estão polvilhadas de barquinhos coloridos. São os atletas de Botafogo, Flamengo e Vasco, cujas origens estão nas regatas que atraíam grandes públicos no fim do século 19. Atualmente, os clubes cariocas enfrentam uma série de dificuldades, como falta de patrocínio e de capacidade de investimento, no sentido de participar do Brasileiro Sênior da modalidade, que terá seu encerramento neste domingo, às 9h, na Lagoa.

Botafogo favorito

Se é preciso muita garra para acordar e ir treinar bem de madrugada, ainda no escuro e no frio, os remadores também superam problemas como salários em atraso e a falta de um maior incentivo à modalidade, visando às Olimpíadas do Rio, em 2016, na mesma Lagoa. Basta dizer que Fabiana Beltrame, do Flamengo, campeã mundial de 2011 e com as Olimpíadas de Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012 no currículo, está enfrentando, assim como os demais companheiros, um atraso salarial de cinco meses.

— Desde 2005, vivo apenas do remo. Antes, quando era do Vasco, eu tinha enfrentado atrasos de salários, e agora, no Flamengo, também. Além de cuidar da minha filha, e da casa, consigo viver do remo, porque o Bolsa Atleta é o que socorre. Não somos mercenários. Queremos receber, porque temos direito — comenta.

Do outro lado da Lagoa, na Sede Náutica do Vasco, a crise vem durando mais tempo. Desde 2008, em paralelo às dificuldades financeiras do clube como um todo, houve uma debandada de 30 atletas, que foram para Flamengo e Botafogo, tanto que neste Brasileiro os vascaínos têm sido representados por atletas jovens e pelos argentinos Cristian Rosso e Ariel Suarez, finalistas olímpicos no double skiff, em Londres-2012. Sem dinheiro para investir na classe adulta, o clube voltou-se para a base, ao mesmo tempo em que aguarda a obtenção das Certidões Negativas de Débito, para tentar aprovar projetos de lei de incentivo e captar recursos.

— Nosso objetivo é refazer a equipe adulta, trabalhando a partir da base. Estamos fazendo uma nova sala de musculação e também precisamos renovar nossa flotilha de barcos e reestruturar a garagem de barcos. Em frente à nossa sede, foi construída uma rampa, na qual poderemos ensinar 12 atletas de uma vez. Acredito que em 2015 tenhamos uma estrutura muito melhor, dependendo dos patrocínios — imagina o técnico Marcello Neves.

O discurso do presidente da Federação de Remo do Rio, Paulo Carvalho, é parecido com os dos clubes. Há idéias, mas faltam verbas. Ex-remador, o advogado assumiu a entidade em março. Como a cidade está a caminho dos Jogos de 2016, o remo precisa atrair investimentos públicos e privados para seu estádio.

— Estou preocupado, porque ouço dizer que a Rio-2016 vai construir aqui no estádio estruturas provisórias, que não vão permanecer depois do evento. Queríamos utilizar o terreno da antiga academia, aqui na Lagoa, para construir um CT para o remo. Se no Brasileiro já não há tanto espaço para os barcos, imagine nas Olimpíadas — argumenta. — O remo quer atrair patrocinadores que invistam nos clubes, um patrocinador que dê seu nome ao Campeonato Estadual, e precisamos massificar nosso esporte.

Líder e praticamente campeão de terra e mar (isto é, de futebol e de remo no mesmo ano) e favorito para ganhar também o Brasileiro, o Botafogo é uma exceção. É no momento o clube mais organizado do esporte náutico na cidade.

— O que nós temos ganho é graças à organização. O Botafogo não tem feito altos investimentos, mas sempre cumpre os compromissos. Está em dia. O clube tem sabido tirar proveito das leis de incentivo fiscal estadual e federal e assim tem-se equipado com barcos e tem dado aos atletas a possibilidade de viajar para competir fora. Nossa flotilha é chinesa. É mais barata que as alemãs do Flamengo e do Vasco, mas tenho mais barcos e posso pôr vários atletas treinando ao mesmo tempo — explica Alexandre Monteiro, o Xoxô, técnico do Botafogo. — Nosso segredo é a organização.

Fonte: O Globo Online
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