Desde que o Estadual entrou na reta final que Riascos passou a jogar com as iniciais dos filhos raspadas na cabeça: “P” de Paulinho, o mais velho, e “A” de Alessandro, o caçula, de pouco mais de um mês. Já as lembranças da infância ele carrega consigo há mais tempo. Graças ao futebol, venceu as dificuldades de crescer em Buenaventura, uma das cidades mais violentas da Colômbia, em meio a um dos períodos mais conturbados do país, no começo da década de 1990 - quando cartéis de traficantes de drogas e grupos paramilitares formavam uma combinação explosiva.
Talvez por isso o atacante tenha tanta autoestima, comemore seus gols de forma extravagante e não tenha medo de arriscar as jogadas, como o golaço de voleio sobre o América ou o drible desconcertante em cima de César Martins, do Flamengo. Chegar onde chegou, depois de sair de onde saiu, não é para qualquer um. É com essa confiança que ele entrará em campo neste domingo, para enfrentar o Botafogo, pelo título estadual.
- Vivíamos em um bairro humilde, de gente trabalhadora como meus pais, que sempre nos ensinaram coisas boas para buscarmos o caminho certo na vida - afirmou o atacante ao jornal “Diário Mío”, da Colômbia, em entrevista publicada em 2012.
Após ganhar o mundo com o futebol, o atacante desembarcou no Rio no ano passado e abraçou a Cidade Maravilhosa, um dos motivos para tentar renovar seu contrato, com previsão para terminar no próximo dia 15. Muito mudou na vida de Riascos, que tenta convencer o Cruzeiro a deixá-lo em São Januário por mais tempo. Já em Buenaventura, de onde o camisa 9 saiu, as coisas seguem na mesma. Em 2014, a cidade foi apontada pela ONG Internacional Human Rights Watch como a mais violenta da Colômbia.